Título: CPI APROVA QUEBRA DE SIGILO DE 12 ADVOGADOS
Autor: Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 29/06/2006, O País, p. 14

Eles são suspeitos de fornecer celulares para presos; comissão é prorrogada por 60 dias

BRASÍLIA. A CPI do Tráfico de Armas na Câmara aprovou a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de 12 advogados suspeitos de fornecer celulares para presos. A CPI também decidiu ontem prorrogar seu funcionamento por mais 60 dias para aprofundar a investigação de organizações criminosas e o envolvimento de advogados na entrada ilegal de telefones celulares em presídios. O prazo terminaria na próxima quarta-feira.

O relator da comissão, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), disse que a comissão não teria tempo de analisar os dados das quebras de sigilo, caso encerrasse suas atividades na semana que vem. Ele afirmou que a CPI vai apurar nos próximos dois meses os atentados contra policiais e agentes penitenciários comandados em São Paulo pela organização criminosa que atua nos presídios da cidade e o número crescente de advogados presos tentando entregar aos presos aparelhos celulares.

¿ É através do celular que os presos se comunicam. E muitos aparelhos entram com os advogados. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) já se manifestou contrária à revista de advogados, mas o Congresso precisa discutir isso ¿ afirmou Pimenta.

Dos 12 advogados com quebra de sigilo aprovada, quatro foram detidos ontem e anteontem em São Paulo, ao entrar em penitenciárias portando até seis celulares. Segundo a comissão, são eles: Nelson Roberto Vinha, Libânia Catarina Fernandes Costa Santos, Eduardo Diamante e Valéria Dammous.

Comissão vai inspecionar áreas de fronteira

O presidente da CPI, deputado Moroni Torgan (PFL-CE), disse que os parlamentares visitarão alguma área de fronteira. Ele preferiu não revelar a região que será inspecionada.

Para Pimenta, a entrada ilegal de armas e munição no país está diretamente ligada às organizações criminosas. Ele citou uma quadrilha do Rio e a organização criminosa de São Paulo.

¿ Grande parte das armas e munição que entra tem como destino as organizações criminosas de São Paulo e Rio de Janeiro.

O pedido de prorrogação foi aceito pelo presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e deverá ser ratificado em votação em plenário. Mesmo que isso não seja possível, Aldo tem a prerrogativa de oficializar a decisão sozinho.

A audiência pública marcada para ontem com o ex-secretário de Administração Penitenciária de São Paulo Nagashi Furukawa foi adiada a pedido do ex-secretário. Ele telefonou à CPI avisando que se submeteria ontem mesmo a uma cirurgia. Moroni disse que Furukawa será ouvido em nova data ainda não definida.