Título: NO PAÍS, PREÇOS MAIORES NA HABITAÇÃO, SAÚDE E EDUCAÇÃO. CAFÉ É MAIS BARATO
Autor: Luciana Rodrigues e Janaina Figueiredo
Fonte: O Globo, 29/06/2006, Economia, p. 26

Carne sai mais em conta em Paraguai e Argentina. Livro custa menos na Bolívia

No Brasil, frente aos demais países da América do Sul, os preços são maiores especialmente quando se trata de habitação, saúde e educação. Em média, os gastos com habitação e serviços para moradia são 32,8% mais caros aqui. Para Eduardo Nunes, presidente do IBGE, isso influencia no aumento das moradias irregulares.

¿ O padrão habitacional no Brasil é caro e muitos acabam não tendo acesso à moradia adequada ¿ afirmou.

Na saúde e na educação, considerando tanto o setor privado como público, os preços são em média 32,6% mais altos. Na avaliação de Marcelo Neri, chefe do Centro de Política Sociais da FGV, isso reflete a ineficiência do setor público no Brasil:

¿ O Estado é grande, porém pouco eficiente. Gasta-se muito, mas gasta-se mal.

Os serviços públicos e privados foram considerados em conjunto porque, em alguns países da América do Sul, não existe atendimento pelo governo para saúde e educação.

Cesta que custa 100 pesos na Argentina sai a R$123 aqui

Para alguns produtos, o Programa de Comparação Internacional (PCI) conseguiu identificar países com preços baixos e altos. Num cenário ideal, um turista que fosse às compras na América do Sul encontraria café barato no Brasil, carne mais em conta em Argentina e Paraguai e eletrodomésticos a preços vantajosos no Chile, na Colômbia, no Uruguai e na Venezuela.

Os livros e periódicos são caros no Brasil, e baratos na Argentina e na Bolívia. Os brasileiros também pagam mais por produtos farmacêuticos, telefone e equipamentos de vídeo.

Os números também revelam diferenças nos hábitos de consumo. No Equador, as famílias destinam 6,89% de suas despesas para vestuários e calçados, mais do que o dobro da parcela gasta pelos venezuelanos. Os paraguaios comprometem quase um terço (30,46%) de seu consumo com alimentos e bebidas não-alcoólicas. Na Colômbia, são apenas 19,28%.

Pelos cálculos do Banco Mundial, é possível também converter as diferentes moedas pela paridade do poder de compra. Uma mesma cesta média de consumo que, na Argentina, custa 100 pesos, no Brasil sairia por R$123,50 e, no Chile, por 29.290 pesos chilenos.