Título: PIB DE R$ 478,9 BILHÕES DE JANEIRO A MARÇO
Autor: Mariza Louven e Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 30/06/2006, Economia, p. 23

Arrecadação por pessoa aumentou 7,63%, assim como gastos típicos de ano eleitoral

RIO e SÃO PAULO. O Produto Interno Bruto (PIB) - conjunto de riquezas produzidas pelo país - foi de R$478,9 bilhões no primeiro trimestre deste ano, impulsionado pela melhoria da renda, pela queda dos juros e por gastos típicos de ano eleitoral, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a carga tributária (federal, estadual e municipal) atingiu 40,69% do PIB no período, um recuo de 0,54 sobre o primeiro trimestre de 2005, segundo estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Em compensação, a arrecadação média por pessoa atingiu R$1.058,04 no primeiro trimestre de 2006, uma elevação de 7,63% frente a igual período de 2005.

- Tradicionalmente, é no primeiro trimestre que este índice atinge seu maior nível, em virtude da baixa atividade econômica e da concentração de vencimento de tributos, como o Imposto de Renda, IPVA e IPTU - afirmou o presidente do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral.

A soma dos tributos alcançou R$194,87 bilhões de janeiro a março, contra R$180,67 bilhões em 2005. Deste valor, informou o IBPT, a esfera federal ficou com R$130,39 bilhões, os estados com R$53,24 bilhões e os municípios com R$11,24 bilhões. A cada dia, o governo arrecadou em média R$2,165 bilhões. Por minuto, a média foi de R$1,503 milhão.

O consumo interno (das famílias, gastos do governo e taxa de investimento) contribuíram para o crescimento de 1,4% do PIB no trimestre, frente ao trimestre anterior. Apesar de frustrar os economistas, o governo comemorou o resultado:

- Detectamos aumento do investimento em setores como construção civil. Isso nos deixa muito satisfeitos, porque além de um aumento do PIB de 4% 4,5%, vamos ter crescimento do investimento de 5%, 6%. Objetivo é que consigamos investimento de 22%,23%, 24% do PIB - disse o ministro da Fazenda Guido Mantega.

A taxa de investimento, chamada de formação bruta de capital fixo, cresceu ligeiramente, passando de 20% para 20,4% do PIB do primeiro trimestre de 2005 para igual período de 2006. Foi a maior num primeiro trimestre desde 2001, mas ainda longe de elevar o crescimento da economia para cerca de 5% ao ano. Para isso, a taxa de investimento teria que ser de 25% do PIB, calcula o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

- A taxa de investimento e o PIB continuam pífios. E não é no apagar das luzes de um governo que os empresários vão rever seus planos de investir - afirma o professor de macroeconomia da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Istvan Kasznar.

Já a taxa de poupança bruta, que poderia alavancar a taxa de investimento, caiu de 22,4% do PIB no primeiro trimestre de 2005, para 21,6% do PIB em igual período deste ano. Segundo Maria Laura Muanis, da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, isso aconteceu porque a expansão do consumo, de 10,3% em termos nominais, foi maior do que a da renda bruta, de 9,2%.

A construção civil tem sido a principal alavanca da taxa de investimento. Além dos incentivos tributários ao setor, proporcionados pela MP do Bem, houve expansão real de 16, 44% do crédito habitacional nos últimos 12 meses, destaca o economista Eduardo Velho, da Mandarim Gestão de ativos. Segundo ele, a Caixa programou liberar até 70% do financiamento imobiliário do ano até junho. A produção de equipamentos para a construção civil também cresceu 17,8% de janeiro a abril, comparada a igual período de 2005, acrescenta a economista Solange Srour Chachamovitz, da Mellon Global Investments.