Título: BC AMERICANO ELEVA JUROS PARA 5,25%
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Fonte: O Globo, 30/06/2006, Economia, p. 24
Mercado comemora e dólar cai para R$ 2,176, menor nível desde maio
WASHINGTON, NOVA YORK, RIO e BRASÍLIA. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) aumentou ontem a taxa básica de juros pela 17ª vez consecutiva e deixou em aberto a possibilidade de novos ajustes para conter a inflação. A alta foi a esperada pelo mercado: de 0,25 ponto percentual, para 5,25% ao ano. Este é o maior nível desde março de 2001.
"A extensão e a cronologia de qualquer ajuste adicional que seja necessário para lidar com esses riscos (de inflação) vai depender da evolução do panorama tanto da inflação como do crescimento econômico", disse o comunicado do Fed.
A decisão do Fed agradou aos mercados. Em Nova York, o Dow Jones subiu 1,98% e o Nasdaq, 2,96%. No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve alta de 4,74%, a maior do mês, a 36.486 pontos, com volume de R$2,363 bilhões.
Para Solange Srour, economista-chefe da Mellon Global Investments, o mercado teve uma reação eufórica porque esperava um comunicado mais agressivo e pessimista. Segundo ela, como o Fed afirmou que a economia está em desaceleração e a inflação aumentou, outra alta dos juros em agosto deixou de ser unanimidade:
- Mas a volatilidade no mercado continua, com os investidores atentos a cada dado dos EUA que for divulgado.
Mas, em meio à euforia, há vozes dissonantes.
- Estamos definitivamente no caminho de novas altas - disse à CNN Keith Stock, presidente da MasterCard Advisors, braço de consultoria do cartão.
Para Kevin Giddis, diretor de Renda Fixa do fundo de investimento Morgan Keegan, se a inflação não ceder, os juros podem ir até 5,5%.
O secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, também ficou satisfeito com a nota do BC americano:
- O Fed sinalizou que vê algum benefício de moderação da atividade sobre a inflação. Pelo que consegui ver, a reação do mercado pareceu positiva.
Segundo Kawall, a instabilidade que afetou o mercado financeiro nos últimos 30 dias já foi reduzida, mas ainda não se pode dizer que ela acabou:
- Se agora os mercados vão entrar numa maré de otimismo não cabe a ninguém dizer, mas já vínhamos sentindo há alguns dias uma progressiva melhora nas condições do mercado de NTN-B, com redução paulatina das taxas de juros.
IGP-M de junho fica em 0,75%. Acumulado no ano é de 1,40%
Em São Paulo, o dólar comercial encerrou em queda de 2,03%, cotado a R$2,176, o menor nível desde 18 de maio deste ano. O risco-país, que mede a confiança dos investidores na economia brasileira, caiu 4,28%, para 246 pontos centesimais.
A alta de preços de matérias-primas agrícolas e insumos industriais no atacado elevou o Índice Geral de Preços no Mercado (IGP-M) a 0,75% em junho, após taxa de 0,38% em maio e duas deflações nos meses imediatamente anteriores. No ano, o IGP-M, usado no reajuste de aluguéis, acumula variação de 1,40%, e, nos últimos 12 meses, de 0,86%. O Índice de Preços por Atacado (IPA), que tem peso de 60% no IGP-M, subiu 1,11%.