Título: EMISSORAS: PRIORIDADE SERÁ A ALTA RESOLUÇÃO
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Fonte: O Globo, 30/06/2006, Economia, p. 27

Redes acham prazo de 7 anos para transmissão digital a todo o país 'apertado', porém viável

BRASÍLIA. Com a definição do padrão japonês como a ferramenta do Sistema Brasileiro de TV Digital, o modelo de negócios dos canais comerciais de televisão deverá priorizar a implantação no país de dois recursos tecnológicos: a alta definição (qualidade de cinema na maioria dos programas) e a mobilidade, que permite assistir aos programas dentro de ônibus, carros e trens. Os principais executivos das emissoras do país participaram ontem da solenidade de assinatura do decreto que instituiu o Sistema Brasileiro de Televisão Digital.

- A nossa aposta, da Rede Globo, é que a televisão do futuro será em alta definição. Porque a qualidade de imagem vai ser fundamental para o futuro da TV aberta - afirmou João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo.

Marinho disse que a empresa vai começar transmitindo alguns programas em alta definição e aos poucos ampliará a programação em nova tecnologia. Ele lembrou que a série "Hoje é dia de Maria" foi produzida em alta definição. Mas não fixou prazo para o início das transmissões digitais. As primeiras cidades beneficiadas serão São Paulo e Rio de Janeiro.

O presidente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), José Inácio Pizzani, também defendeu a alta definição e a mobilidade. A avaliação dos radiodifusores é que a escolha entre ter mais canais (multiprogramação em definição padrão) e transmitir em alta definição é do operador e depende, entre outros fatores, do mercado publicitário.

Para o presidente do Grupo Bandeirantes, João Carlos Saad, que também defende a alta definição, o mercado publicitário não vai se multiplicar por causa da nova tecnologia e isso aumenta as dificuldades para a implantação de multiprogramação (quatro programas ao mesmo tempo em um mesmo canal). Ele disse que a Bandeirantes vai priorizar a alta definição.

Fabricantes de equipamentos ainda não estão prontos

Saad disse ainda que o governo foi corajoso ao optar pelo padrão japonês, que traz mais inovações, e defendeu que o prazo dado para a adaptação das TVs é suficiente, mas que elas vão "apanhar no começo".

Para João Roberto Marinho, o prazo de sete anos para que as transmissões digitais cheguem a todo o país é "apertado", mas disse que a Globo fará o possível para cumpri-lo.

- O nosso arranque será mais difícil porque os fabricantes (de equipamentos) ainda não estão prontos, mas estamos na ponta (da tecnologia) - afirmou Marinho, acrescentando que o volume de investimentos necessários ainda está sendo calculado pela empresa.

Segundo o diretor-executivo do SBT, Guilherme Stoliar, os custos de adequação à nova tecnologia devem ficar na casa dos US$30 milhões. Para tanto, ele adiantou que precisará de financiamentos. (Mônica Tavares e Patrícia Duarte)