Título: ONG PEDE FIM DA RODADA DE DOHA
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 01/07/2006, Economia, p. 22

Carta enviada a Amorim propõe suspensão das negociações com a OMC

BRASÍLIA. O fracasso do encontro ministerial em Genebra, na Suíça, que reuniu os principais países associados à Organização Mundial do Comércio (OMC) levou as organizações não-governamentais a enviarem ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, um documento pedindo a suspensão imediata das negociações.

Na carta, assinada pela Campanha Brasileira contra a Alca e a OMC, pela Rede Brasileira de Integração dos Povos (Rebrip) e pela Aliança Social Continental, foi feito um apelo ao chanceler brasileiro para que o Brasil encerre de vez a chamada Rodada de Doha.

Lançadas em 2001, as negociações que ocorrem no âmbito da OMC têm como ponto forte o intenso nível de divergências entre os mais importantes atores que participam do processo: União Européia de um lado, Estados Unidos de outro e, na outra ponta do tripé, o G-20 ¿ grupo de nações em desenvolvimento que defendem o fim dos subsídios agrícolas e maior acesso aos mercados desenvolvidos que inclui Brasil, Índia e China.

¿Enquanto membros da sociedade civil do Brasil estamos temerosos com o direcionamento das atuais negociações na OMC¿, diz o documento enviado ontem a Amorim.

Para as entidades, as negociações impedem qualquer possibilidade de beneficiar a maioria da população mundial, particularmente as pessoas que vivem em países empobrecidos e em desenvolvimento.

Documento pede linha de crédito para América do Sul

De acordo com as ONGs, as propostas das nações em desenvolvimento são constantemente rejeitadas pelas potências maiores, particularmente EUA e UE. Por isso, o documento recomenda a busca da integração entre os povos sul-americanos.

Os movimentos sociais defendem mecanismos de cooperação, preferências comerciais e políticas públicas e sociais comuns dentro da região. Para isso, diz a carta, é preciso criar mecanismos regionais de financiamento ao desenvolvimento da América do Sul, para que sejam eliminadas as assimetrias estruturais entre os países.

¿É preciso buscar uma integração física, energética e de infra-estrutura que seja social e ambientalmente sustentável e que esteja a serviço dos povos. É preciso concertar posições e políticas comuns regionais na arena global, de forma a aumentar o peso político da América do Sul¿, destaca o documento enviado por organizações não-governamentais.