Título: VIOLÊNCIA JÁ ATINGIU CANDIDATOS A GOVERNADOR
Autor: Dimmi Amora e Maia Menezes
Fonte: O Globo, 02/07/2006, O País, p. 15

Eles dizem que vão dar prioridade à segurança, mas até lá cada um toma precauções

Carro blindado, segurança particular, condomínio fechado e uso de evangélicos são alguns dos instrumentos usados para se proteger pelos 12 candidatos que pretendem governar um estado que é cada vez mais conhecido pelos seus altos índices de violência. Esses números, como os mais de cem mil assaltos registrados por ano, mais de mil civis mortos em conflito com a polícia, taxa de homicídio acima de 40 por cem mil durante mais de uma década, todos os postulantes sabem de cor. As propostas para enfrentar o problema, e também para tentar relaxar as medidas de segurança que eles adotam para si, é que são muitas e variadas.

Até o candidato do governo Rosinha Garotinho, Sérgio Cabral Filho (PMDB), reconhece o atual quadro de desordem na segurança pública. A taxa de roubos e furtos de veículos mantém-se, em média, acima dos 500 veículos roubados para cada cem mil habitantes há mais de uma década. E, se os discursos forem postos em prática, pelo menos uma medida está garantida: todos os candidatos afirmam que vão acabar com indicações políticas para cargos de delegado e comandantes de batalhões.

Quem ler os programas de governo na área de segurança terá a sensação de que são muito parecidos. Todos falam em profissionalização na gestão, controle dos indicadores de segurança, melhoria nas condições de trabalho dos policiais e intervenções sociais nas comunidades dominadas pelo tráfico. Os pontos comuns podem ser fruto de algo incomum: os candidatos ouviram correntes com visões divergentes sobre segurança para elaborar suas propostas.

O tema vai estar presentes nas campanhas dos candidatos, que o apresentam como prioridade em seus discursos. Além de ser uma preocupação constante dos eleitores, o crescimento da violência pública nas últimas três décadas no estado teve reflexo na vida de cada um dos políticos que concorrem à sucessão.

Um candidato teve o filho assassinado, outros foram assaltados, furtados, presenciaram tiroteios ou, como a maioria dos cariocas, simplesmente confessam que evitam transitar por algumas ruas da cidade em determinados horários.

A lei permite que todos os candidatos tenham escolta da Polícia Federal na campanha, que começa nesta quinta-feira. A polêmica de entrar ou não em áreas dominadas pelo tráfico parece superada: todos dizem que vão. Como? Certamente não como gostariam, com liberdade para entrar na hora e no lugar que quiserem.

COLABOROU: Claudia Lamego