Título: ISRAEL ATACA ESCRITÓRIO DE PREMIER PALESTINO
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Fonte: O Globo, 03/07/2006, O Mundo, p. 18

Bombardeio de madrugada teve objetivo de pressionar Hamas a soltar militar seqüestrado

CIDADE DE GAZA. Aviões israelenses atacaram na madrugada de ontem o escritório do primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, na Cidade de Gaza, como parte de uma campanha militar para pressionar o grupo radical Hamas a libertar o cabo israelense Gilad Shalit, de 19 anos, seqüestrado semana passada por militantes palestinos. Na madrugada de hoje (noite de ontem em Brasília), um novo ataque de helicópteros israelenses destruiu outro escritório, do Hamas, na Cidade de Gaza.

Palestinos prometem se manter firmes

O ataque ao escritório vazio do premier palestino destruiu janelas e móveis e derrubou da parede um retrato do presidente Yasser Arafat, morto em 2004. Haniyeh disse que a ação não intimidará os palestinos.

¿ Esta é a política da selvageria e da arrogância ¿ criticou. ¿ Mas nada afetará nosso espírito e nossa firmeza.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas ¿ do partido Fatah, derrotado pelo Hamas nas eleições de janeiro ¿ também condenou o ataque. Já o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, considerou-o ¿inoportuno¿.

O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse que ordenou ao Exército fazer todo o possível para conseguir a libertação do cabo Shalit. Ele avisou que as prisões de militantes do Hamas poderão se repetir em Gaza e advertiu que nenhum dos líderes do Hamas está a salvo.

¿ Dei instruções para intensificar a força das ações do Exército na captura destes terroristas ¿ disse o premier. ¿ Tenho dito e vou repetir: ninguém está imune aos nossos ataques.

O ministro da Defesa israelense, Amir Peretz, advertiu que Israel buscará dirigentes do Hamas dentro ou fora dos territórios palestinos. Ontem, soldados israelenses mataram dois atiradores palestinos durante um confronto no sul da Faixa de Gaza. O conflito ocorreu no aeroporto desativado de Gaza, onde forças israelenses se concentram desde a incursão da semana passada para libertar o militar seqüestrado.

A deputada israelense Zehava Galon, da frente pacifista Meretz, exigiu um debate urgente no Parlamento para que o assessor jurídico do governo, Michael Mazuz, explique os motivos que levaram à prisão na semana passada de oito ministros palestinos, 23 deputados e dois prefeitos na Cisjordânia. Segundo a deputada, as prisões feitas por militares israelenses ocorreram por má interpretação de normas legais.

¿ Estas coisas são próprias de grupos e não de um Estado democrático ¿ disse.

ONG: 49 palestinos e 3 israelenses mortos

A organização israelense de direitos humanos B¿tselem informou que 49 palestinos e três israelenses morreram no mês passado no conflito do Oriente Médio. Dos palestinos, 42 morreram em ataques israelenses e os outros sete são membros da família Ghaliya vítimas de uma explosão numa praia no norte de Gaza. As partes se acusam mutuamente pela explosão e o B¿tselem se absteve de atribuí-las ao Exército israelense. De acordo com o documento divulgado, dos 42 palestinos mortos, 24 eram civis que nada tinham a ver com ataques a forças israelenses e seis deles menores de idade.