Título: FAZENDA: INVESTIMENTOS DE R$19 BI
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 04/07/2006, Economia, p. 21

Mantega entra em guerra eleitoral ao comparar recursos de Lula e FH

BRASÍLIA. O Ministério da Fazenda entrou na guerra de comparações com o governo anterior, que tem dado o tom da campanha eleitoral. O ministro Guido Mantega divulgou ontem um balanço dos investimentos no governo Lula, prevendo para 2006 gastos R$3,5 bilhões acima do limite autorizado pela equipe econômica. Ele disse que as despesas do governo chegarão a R$19 bilhões, quando o limite do último decreto de programação financeira é de R$15,5 bilhões. No balanço, Mantega somou os investimentos da União e das estatais para mostrar um desempenho melhor, chegando a 2,5% do PIB em 2006, o maior patamar dos últimos oito anos.

A comparação apenas dos investimentos da União não favorece o governo. Um estudo da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda mostra que, mesmo com gastos de R$19 bilhões este ano, a média de investimentos entre 2003 e 2006 ficará em 0,7% do PIB, abaixo do 0,9% registrado entre 1999 e 2002. Já nas estatais o investimento médio passou de 0,98% para 1,38% na mesma comparação, puxado pela Petrobras (79,4% do total).

Mantega negou qualquer conotação política na divulgação dos dados, mas fez comparações entre os investimentos do atual governo e do anterior:

¿ Em 2005 já passamos o melhor ano do mandato anterior. Não vou nem dizer o nome senão vão dizer que estou fazendo uma comparação eleitoral. Tenho de comparar com alguma coisa, não vou fazer comparação com o investimento na Rússia, nem na China.

Somando União e estatais, os investimentos totais chegaram a 2,28% do PIB em 2001 e a 2,33% em 2005. Mantega detalhou os investimentos desde 1999, início do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, mas negou que estivesse respondendo às criticas da oposição:

¿ Estou mostrando uma série histórica. Vocês é que só pensam naquilo.

Ele também divulgou as projeções da Secretaria de Política Econômica para a evolução da formação bruta de capital fixo (soma de investimentos públicos e privados do país), que deve passar de 20,4% do PIB em 2005 para 20,8% este ano.