Título: ISRAEL REJEITA ULTIMATO DE RADICAIS
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Fonte: O Globo, 04/07/2006, O Mundo, p. 25

Governo palestino pede que grupos extremistas não matem soldado israelense

BEIT HANOUN, Faixa de Gaza. Israel rejeitou ontem um ultimato de três grupos extremistas palestinos, que ameaçam executar um militar israelense se presos não começarem a ser soltos até as 6h de hoje (meia-noite de ontem no Brasil). Com a tensão aumentando a cada minuto, Israel lançou uma ofensiva contra o norte da Faixa de Gaza e ameaçou endurecer as operações se algo acontecer ao soldado Gilad Shalit.

O ultimato estabelecia menos de 24 horas para que cerca de 1.500 prisioneiros palestinos começassem a ser soltos: ¿Se o inimigo não concordar com nossas exigências, vamos encarar este como um caso encerrado¿, disse um comunicado das Brigadas Izzedin al-Qassam, braço-armado do Hamas, que junto com o Comitê de Resistência Popular e o Exército Islâmico capturaram Gilat em 25 de junho .

Dois palestinos morrem em ofensiva na Faixa de Gaza

O primeiro-ministro Ehud Olmert, no entanto, rejeitou qualquer negociação:

¿ Israel não se renderá à extorsão da Autoridade Palestina e ao governo do Hamas ¿ disse Olmert, acrescentando que instruiu as forças de segurança a fazerem todo o possível a fim de libertar o soldado. ¿ E quando digo tudo, significa realmente ¿tudo¿ o que for necessário.

A advertência foi reforçada pelo ministro da Justiça, Haim Ramon, que declarou que a Faixa de Gaza poderá sofrer uma pesada resposta militar.

¿ Se eles ferirem o soldado, nossas operações serão muito, muito piores ¿ disse ele.

O aumento da tensão levou o governo palestino, liderado pelo Hamas, a pedir que os grupos não executem o refém.

¿ O governo dirige um pedido aos movimentos da resistência para que o soldado permaneça com vida e seja bem tratado (...) pelo bem do povo palestino ¿ disse o ministro da Informação, Yussef Rizqa.

Recusando-se a negociar, Israel lançou ontem uma nova ofensiva, com tanques e blindados invadindo o norte da Faixa de Gaza, no que poderia ser a preparação do terreno para uma incursão mais ampla. Bombardeios mataram dois milicianos: um ontem e outro nas primeiras horas de hoje (noite de ontem no Brasil). Um míssil atingiu ainda a Universidade Islâmica, que tem vínculos com o Hamas, na Cidade de Gaza. Em Ramallah, na Cisjordânia, tropas israelenses buscavam suspeitos do seqüestro e assassinato de um colono judeu na semana passada.

Num conflito que ameaça extrapolar fronteiras, o ministro da Defesa israelense, Amir Peretz, disse que a Síria deveria tomar uma atitude já que membros do Hamas responsáveis pelo seqüestro vivem no país.

¿ Sugiro ao (presidente) Bashar al-Assad, que abra os olhos porque a responsabilidade está diante de sua porta ¿ disse o ministro.

Em Damasco, Assad declarou que ¿os atos agressivos de Israel¿ só aumentam sua determinação ¿na defesa dos direitos dos árabes¿.

Em Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, e o ministro do Exterior, Serguei Lavrov, pediram a libertação do soldado após um encontro com a chanceler israelense, Tzipi Livni.