Título: COMISSÃO PEDE O AFASTAMENTO DE DOIS SUSPEITOS DA MESA DA CÂMARA
Autor:
Fonte: O Globo, 05/07/2006, O País, p. 4

Nilton Capixaba (PTB-RO) e João Caldas (PL-AL) são os alvos

BRASÍLIA. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas aprovou ontem um requerimento pedindo o afastamento dos deputados Nilton Capixaba (PTB-RO) e João Caldas (PL-AL) da Mesa da Câmara. O pedido foi apresentado pelo deputado Fernando Gabeira (PV-RJ). Para o deputado, são fortes os indícios de envolvimento dos dois parlamentares com a máfia dos sanguessugas, a organização acusada de vender ambulâncias, unidades digitais e ônibus escolares superfaturados para prefeituras. A decisão, porém, será da própria Mesa da Câmara.

Os nomes de Capixaba e Caldas apareceram nas primeiras listas sobre o suposto envolvimento de parlamentares com a quadrilha dos sanguessugas.

- Eles estão no livro-caixa da Planam. Considero isso um indício claro para ser investigado. E, sendo assim, eles devem ser afastados até o fim das investigações - afirmou Gabeira.

Planam registrou pagamentos aos deputados

Segundo o deputado, o livro-caixa da Planam contém registros de pagamentos da empresa de R$50 mil para Capixaba e João Caldas. O livro registraria ainda vários outros depósitos para Capixaba e para assessores do deputado. A Planam é uma das 20 empresas de Darci José Vedoin, apontado com o chefe dos sanguessugas.

Levantamento feito pela Corregedoria da Câmara mostra ainda que, de 65 emendas ao Orçamento da União apresentadas por Capixaba, 63 foram destinadas a licitações vencidas pela Planam ou outras empresas do grupo de Vedoin.

A CPI também aprovou a convocação do ex-procurador da República em Mato Grosso Roberto Cavalcanti. Segundo o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), autor do requerimento, o ex-procurador teria vazado informações sigilosas para a máfia dos sanguessugas. O procurador teria repassado a Vedoin dados relativos às investigações da PF sobre a venda das ambulâncias. A Procuradoria-Geral informou que Cavalcanti deixou o Ministério Público há mais de dois anos. (Jailton de Carvalho)