Título: MP DENUNCIA DIRETORES DO INVESTVALE
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 05/07/2006, Economia, p. 24

Dirigentes lucraram mais de R$ 35 milhões com fraudes

O Ministério Público Federal apresentou, na última quarta-feira, denúncia à Justiça contra 13 diretores e conselheiros da Investvale, o clube de investimentos dos empregados da Companhia Vale do Rio Doce. Eles são acusados de fazer alterações fraudulentas no estatuto do clube, sonegando informações do cotistas, que geraram prejuízo aos investidores e ganhos de mais de R$35 milhões aos dirigentes. Os denunciados - engenheiros e administradores de empresas, em sua maioria - serão enquadrados na lei do colarinho branco e responderão pelos crimes de gestão temerária e indução de investidor em erro com sonegação de informações. Caso sejam condenados, podem cumprir pena de dois a oito anos de cadeia.

Segundo o procurador da República, José Augusto Vagos, que apresentou a denúncia à 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, as irregularidades começaram a ser investigadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão responsável pela regulação e fiscalização do mercado de capitais. Há cerca de três meses, o caso foi encaminhado ao Ministério Público.

- Às custas de investidores menos informados e mais humildes, os diretores do Investvale fizeram fortuna, enriquecendo da noite para o dia - diz o procurador.

Vagos conta que, em meados de 2002, os dirigentes fizeram, de forma fraudulenta, alterações no estatuto do clube de maneira a permitir a remuneração de seus diretores. Além disso, estenderam o prazo de uma assembléia com cotistas até conseguirem aprovar a criação de uma taxa para a liberação das ações dos cotistas.

Isso porque os papéis que integravam o clube foram comprados pelos funcionários mediante uma linha de crédito de R$180 milhões do BNDES, que condicionou o empréstimo à retenção das ações até 2009. No entanto, quando aprovaram a cobrança da taxa, os dirigentes já haviam conseguido a liberação de parte das ações pelo BNDES, o que era desconhecido dos cotistas, que ainda venderam a eles seus papéis por um valor cinco vezes menor que o de mercado.