Título: BANCOS PRIVADOS TERÃO MAIS DINHEIRO EM CAIXA E TROCO PARA A POPULAÇÃO
Autor: Patricia Duarte
Fonte: O Globo, 05/07/2006, Economia, p. 24

BC começa a quebrar o monopólio para a custódia do dinheiro no país

BRASÍLIA. O Banco Central (BC) está quebrando o monopólio da custódia de dinheiro que circula no país. A idéia é abrir para que outros bancos possam exercer essa função e, assim, permitir que dinheiro vivo chegue à toda população com mais qualidade, garantindo, por exemplo, mais troco. O Banco do Brasil (BB) é a primeira instituição que assume a tarefa. Entre as medidas, os bancos abrirão guichês que preferencialmente servirão para oferecer troco, inclusive para quem não dispõe de conta bancária. O BC também pretende substituir as cédulas de R$1 por moedas do mesmo valor, a fim de diminuir os custos de produção do dinheiro, que somam R$300 milhões ao ano.

- O BC só vai entregar dinheiro novo e receber dinheiro para destruição - disse o diretor de Administração do BC, João Antonio Fleury.

Até então, a autoridade monetária era responsável pela custódia do dinheiro nas dez capitais onde tem estrutura - entre elas Rio e São Paulo. Nas demais localidades, o BB cuidava. Agora, o banco estatal passa a responder por todas as praças e, depois de 30 meses, outros bancos podem tentar a licença para ter a custódia.

Segundo o diretor, a transferência de tarefas foi decidida em novembro e não trará custos às pessoas nem lucro aos bancos que quiserem atuar como custodiantes, uma vez que as tarifas cobradas das instituições (entre 0,08% a 0,016% da movimentação financeira) servirão para garantir os custos. Fleury informou que o BC economizará R$22 milhões ao ano.

- O BC poderá criar e regular as políticas. Além disso, cuidará das auditorias que serão feitas com os custodiantes - afirmou o diretor, acrescentando que os grandes bancos deverão ter interesse em serem custodiantes.

Hoje, circulam no país três bilhões de cédulas e 11 bilhões de moedas. Os bancos que quiserem ser custodiantes terão de cumprir requisitos, como ter cofre forte próprio, e alguns deveres. Um deles é a criação de guichês que servirão para fornecer troco. De acordo com o chefe do departamento de Meio Circulante do BC, João Sidney Figueiredo, essa tarefa já deveria ser cumprida, mas agora está sendo reforçada. Pela medida do BC, os custodiantes terão 180 dias para se adaptar.

Nota de R$1 tende a acabar, diz diretor do BC

O uso crescente de dinheiro vivo também está levando o BC a trocar as cédulas de R$1 por moedas. Segundo Fleury, a vida útil de uma nota deste valor é de aproximadamente um ano e a da moeda, de 30 anos. O movimento já vem sendo feito há um ano. Hoje, existem 500 milhões de cédulas de R$1 e 480 milhões de moedas do mesmo valor.

- A tendência é que, no futuro, só tenha moeda de R$1. Mas não há prazo para isso. Enquanto houver demanda para a cédula, vamos continuar oferecendo - explicou o diretor do BC.