Título: PSDB E PFL PROPÕEM FIM DA REELEIÇÃO
Autor: Evandro Éboli/Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 06/07/2006, O País, p. 8
Depois da apresentação da emenda por tucanos, Alckmin atenua críticas
BRASÍLIA. No mesmo dia em que o candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, declarou apoio à manutenção da reeleição, o PFL e o próprio PSDB se articularam e incluíram, na noite de anteontem, na pauta de votação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, uma proposta de emenda constitucional (PEC) que prevê o fim da reeleição para presidente, governadores e prefeitos a partir de 2010. O projeto é do senador Sibá Machado (PT-AC) e tramita desde 2003. O relator é o senador Tasso Jereissati (CE), presidente do PSDB, que apresentou parecer favorável.
O fim da reeleição interessa especialmente ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e ao ex-prefeito de São Paulo José Serra, tucanos e potenciais candidatos a presidente. O projeto será votado na comissão na próxima semana.
Antonio Carlos alertou sobre problemas no PSDB
Depois da reunião do conselho político de sua campanha, Alckmin mudou de tom. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), advertiu o tucano que sua posição poderia afastar Aécio e Serra da campanha:
- Esse tema da reeleição vai criar muita dificuldade. É preciso resolver isso.
Antonio Carlos é presidente da CCJ. Tasso sugeriu que o melhor seria tentar votar rapidamente a proposta e evitar que a questão fique em aberto. Os tucanos aceitaram a sugestão. O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), alertou Alckmin:
- O clima em Minas é Alckmin em 2006 e Aécio em 2010. Essa posição contrária a reeleição cria dificuldade.
O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), sugeriu que Serra e Aécio dessem declarações afirmando que a posição de Alckmin contra a reeleição não representava um problema. Mas não teve apoio no conselho.
- Você é o primeiro comunista que acredita em milagre - brincou o líder do PSDB, deputado Jutahy Junior (PSDB-BA).
Antes de sair de Brasília, Alckmin, mostrou a mudança acertada na reunião. Disse que, por coerência, continuava favorável à regra, mas que não ficaria contra a possibilidade do fim da reeleição.
- Se quiserem derrubar a reeleição esse ano, não terá problema. Essa não é uma questão programática. O que falei é que fui favorável a reeleição e que não posso mudar de acordo com as circunstâncias - justificou.