Título: PROBLEMAS TAMBÉM COM CORRETORA
Autor: Luiza Damé
Fonte: O Globo, 06/07/2006, O País, p. 9

Juíza manda Walpires devolver R$2,4 milhões por prejuízos em Diadema

SÃO PAULO. A corretora Walpires, envolvida na Operação Branca de Neve e investigada pela CPI dos Correios, foi condenada a devolver R$2,4 milhões à Prefeitura de Diadema por prejuízos causados na primeira gestão de José de Filippi Júnior (PT), atual tesoureiro da campanha de Lula à reeleição.

A Walpires, que sofreu uma devassa da Receita Federal e teve o sigilo quebrado pela CPI, foi contratada sem licitação por R$1,7 milhão para vender ações de empresas como a Lightpar, Eletropaulo e Petrobras pertencentes à prefeitura petista, em 1996.

Segundo sentença da juíza Marisa da Costa Alves Ferreira, de novembro de 2005, embora tenha cobrado valor irrisório pelo serviço, a Walpires lucrou ao vender as ações no balcão da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ) por valores inferiores ao preço de mercado. As mesmas ações foram revendidas, em alguns casos no mesmo dia, por valores até sete vezes maiores do que os que foram pagos na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Segundo o advogado da prefeitura, a corretora vendeu as ações para ela mesma a preços baixos e depois as revendeu pelo valor de mercado.

Lote de ações vendido por R$20 valia R$148

A Walpires vendeu, por exemplo, lote de um milhão de ações da Lightpar no Rio por R$20 no dia 10 de outubro de 1996. No dia seguinte o preço mínimo na Bovespa era de R$148. Também vendeu um lote de três milhões de ações da Eletropaulo na BVRJ por R$95. No mesmo dia um lote de 200 mil ações custava R$100 na Bovespa. O prejuízo à Prefeitura de Diadema foi de R$800 mil, mas a juíza condenou a empresa a ressarcir R$2,4 milhões. A Walpires recorreu da sentença.

Filippi e o então secretário de Finanças, Humberto Vignoli, foram acusados de improbidade administrativa, mas foram absolvidos. Segundo a juíza, o contrato com a prefeitura determinava que a empresa vendesse as ações pelo maior preço. Se não ocorreu a culpa é da Walpires.

No ano passado a CPI dos Correios quebrou o sigilo bancário e fiscal da Walpires e mais dez corretoras, acusadas de dar prejuízo de R$9 milhões a seis fundos de pensão de estatais. O esquema é apontado por integrantes da CPI como uma das fontes do valerioduto.

O dono da Walpires, Waldemar Pires, e o advogado da empresa, Otoniel de Melo Guimarães, não foram encontrados.