Título: TESOUREIRO DIZ QUE AVISOU LULA SOBRE DENÚNCIAS
Autor: Luiza Damé
Fonte: O Globo, 06/07/2006, O País, p. 9

Filippi afirma que tio de sua mulher emprestou dinheiro para devolver recursos públicos por determinação da Justiça

BRASÍLIA. No dia em que assumiu o cargo de tesoureiro da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José de Filippi Júnior ficou a maior parte do tempo tentando explicar denúncias de irregularidades na Prefeitura de Diadema, da qual está licenciado desde ontem. Munido de cópias de recibos e de documentos, Filippi contou ter avisado ao comando da campanha e ao próprio presidente Lula de que tivera contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado. Mesmo assim, o PT e Lula o mantiveram no posto.

- Ponderei que tenho dez anos de mandato e, como disse o presidente Lula num discurso, quando você se casa com uma viúva tem de levar os filhos. Tive contas rejeitadas, tenho problemas. Eles perguntaram se eu tinha como explicar. Tenho explicação para tudo - disse.

Filippi afirmou que a maior parte do dinheiro usado para pagar uma multa de R$183.300, conseqüência de uma ação de 1995 que diz respeito ao uso da marca da prefeitura para promoção pessoal, foi um empréstimo de R$150 mil feito com um tio de sua mulher, Mário Moreira, em dezembro de 2003. Ele disse que pagou outros R$15 mil; o deputado estadual Mário Reali emprestou mais R$10 mil e outros R$8.300 saíram de doações de "amigos e amigas" e de uma festa de arrecadação feita pelo PT de Diadema no dia 13 de dezembro de 2003.

"Espero que a gente faça diferente", diz tesoureiro

Filippi disse que atuará com rigor e transparência na campanha, mas não listou as medidas que serão adotadas. Ele e o presidente do PT, Ricardo Berzoini, afirmaram que não haverá caixa dois - que resultou no maior escândalo da história do PT.

- Não faremos caixa dois. Vejam como estão me chamando: substituto do Delúbio e novo PC (Paulo César Farias, tesoureiro da campanha de Fernando Collor). Espero que a gente faça diferente - disse Filippi.

Para arrecadar fundos, Filippi disse que a campanha petista usará todos os meios: telefone, e-mail, reuniões e eventos. Segundo Berzoini, o partido vai pedir doações a empresários e pessoas físicas.