Título: EUA ADOTAM MODERAÇÃO E DEFENDEM DIÁLOGO
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 06/07/2006, O Mundo, p. 28

Rússia e China devem vetar resolução condenando norte-coreanos no Conselho de Segurança da ONU

NOVA YORK. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse que está na hora de a comunidade internacional trabalhar em conjunto para fazer a Coréia do Norte desistir do programa nuclear. A secretária de Estado, Condoleezza Rice, ressaltou que o governo de Pyongyang ficou tão isolado que talvez mude seu comportamento. Foi assim, extremamente moderada, a reação americana diante do lançamento dos mísseis norte-coreanos. Preocupado com o seu próprio isolamento na cena mundial, o governo dos EUA evitou qualquer ameaça ou retaliação unilateral e deixou para o Japão o papel de orquestrar uma reação mais dura.

- Quero continuar a enviar uma clara mensagem de que há um caminho melhor para o líder da Coréia do Norte - disse Bush, referindo-se a Kim Jong-il. - É difícil entender suas intenções.

Japão fez circular esboço com sanções

Coube ao embaixador Kenzo Oshima pedir ao Conselho de Segurança da ONU a votação de uma resolução condenando a ação da Coréia do Norte, e foi ele também que fez circular um rascunho de possíveis sanções econômicas, defendendo que os países suspendam todos os fundos, bens e tecnologias que possam ser usadas para o programa nuclear norte-coreano.

- Esperamos que a resposta da ONU seja rápida, forte e resoluta - disse Oshima, logo após a reunião do conselho, que mudou a pauta para consultas de emergência um dia depois do lançamento dos sete mísseis.

Na reunião, cuja atmosfera foi definida como de profunda preocupação, todos os países-membros condenaram a ação da Coréia do Norte, mas China e Rússia, tradicionais aliados de Pyongyang, consideraram mais apropriado a comunidade internacional expressar sua opinião através de uma simples declaração do presidente do Conselho de Segurança em vez de adotar uma dura resolução da ONU.

- Não se falou em punições na reunião -- garantiu o embaixador russo, Vitaly Churkin.

Foi deixado para os técnicos a discussão do texto da resolução ou da declaração. O rascunho levado à negociação pelos japoneses considera que o lançamento dos mísseis "é uma ameaça à paz" e insta a Coréia a "cessar o desenvolvimento, os testes e a proliferação de mísseis balísticos", assim como exige que o país "reconfirme a moratória e volte à negociação".

Hoje as negociações continuarão, mas diplomatas acham que dificilmente Rússia e China permitirão a adoção de uma resolução condenando a Coréia do Norte porque acham que o episódio não chegou a ameaçar a paz e poderia ser contra produtivo isolar mais Pyongyang.

Segundo a secretária Condoleezza Rice, os EUA acreditam que as negociações entre os seis países ainda são a melhor maneira de sair do impasse:

- Não é mais uma questão entre os EUA e a Coréia de Norte, mas entre a comunidade internacional e a Coréia do Norte. A comunidade internacional ainda tem algumas armas a seu dispor para tornar mais difícil a Coréia do Norte se engajar nesse tipo de situação limite.