Título: FORÇAS ISRAELENSES INVADEM O NORTE DE GAZA
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Fonte: O Globo, 06/07/2006, O Mundo, p. 29
Área onde ficavam três assentamentos judaicos foi reocupada para impedir disparos de foguetes contra Israel
CIDADE DE GAZA. Horas após ameaçar intensificar suas ações militares na Faixa de Gaza, Israel invadiu o norte do território palestino, reocupando a área onde ficavam três assentamentos judaicos antes da retirada israelense no ano passado. Uma coluna blindada transpôs a fronteira esta madrugada (horário local) e se estabeleceu na região, com o objetivo de impedir disparos de foguetes Qassam - foram três ontem e anteontem - contra as cidades israelenses de Sderot e Ashkelon.
Na madrugada de ontem, um ataque aéreo contra o Ministério do Interior deixou pelo menos três feridos na Cidade de Gaza. Blindados israelenses entraram no norte do território hoje após o premier Ehud Olmert tachar o ataque a Ashkelon de "uma escalada sem precedentes".
Antes do bombardeio de ontem com os Qassam, o governo israelense já advertira o Hamas de que apertaria o cerco ao movimento, que governa Gaza e a Cisjordânia. Israel culpa o Hamas pelos disparos de foguetes contra seu território e pelo seqüestro do cabo Gilad Shalit no domingo retrasado.
Antes do ataque de terça-feira, a pequena cidade de Sderot era o único alvo urbano dos Qassams palestinos. Porém, o novo modelo da arma, com dois motores, ganhou mais potência, colocando Ashkelon e seus 115 mil habitantes, a 12 quilômetros da fronteira, dentro de seu raio de alcance.
"Dado o seqüestro e os contínuos disparos balísticos, incluindo o feito contra Ashkelon, as regras do jogo para lidar com a Autoridade Palestina e o Hamas devem ser modificadas", disse um comunicado do escritório do premier israelense Ehud Olmert.
Os dois Qassams disparados ontem não atingiram áreas habitadas, mas ajudaram a reforçar a sensação de medo da população. "Um foguete trouxe dezenas de milhares de israelenses para dentro do círculo do terror", escreveu o comentarista Amir Rappaport no diário "Ma'ariv", após o primeiro Qassam atingir Ashkelon.
Fontes do governo de Israel indicaram que Olmert pode ordenar a criação de uma faixa de segurança permanente no norte de Gaza para impedir os disparos. Porém, um membro do governo disse que a decisão ainda não foi tomada.
- Não reocuparemos Gaza, mas atacaremos qualquer um ligado ao terror usando todos os meios à nossa disposição - disse o ministro da Justiça, Haim Ramon.
Ontem, uma fonte próxima aos mediadores egípcios indicou que os militantes palestinos que seqüestraram o cabo Shalit se disseram dispostos a soltá-lo lo em troca da libertação de prisioneiros dos cárceres israelenses. Israel, no entanto, mantém-se firme na decisão de não barganhar. Segundo o jornal israelense "Yedioth Ahronoth", mediadores árabes afirmaram que Shalit está sendo mantido num bunker em Gaza. Em Washington, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, disse que "já é hora" de o Hamas libertar o militar.
Por sua vez, o Centro para a Defesa dos Direitos do Indivíduo, de Israel, entrou com uma ação na Suprema Corte do país para que os familiares dos nove mil palestinos presos possam visitá-los. As visitas foram interrompidas após o seqüestro do cabo Shalit.