Título: SADDAM: PEDIDO DE EXECUÇÃO RÁPIDA
Autor:
Fonte: O Globo, 06/07/2006, O Mundo, p. 29

Premier iraquiano quer que, se condenado, ex-ditador seja morto logo

BAGDÁ. O primeiro-ministro do Iraque, Nuri al-Maliki, disse ontem que espera que o ex-ditador Saddam Hussein, julgado por genocídio e outros crimes, seja executado logo após a divulgação de sua sentença, se for condenado. A declaração foi feita durante sua primeira visita oficial ao Kuwait. Al-Maliki também pediu ao governo na Jordânia que impeça que a filha mais velha do ex-presidente, exilada no país, continue dando apoio a terroristas no Iraque.

Indagado por um jornalista sobre quando Saddam seria executado, Malik respondeu:

- Logo após a sentença, se Deus quiser.

O premier disse ainda que uma execução seria ratificada por uma junta de dirigentes imediatamente após a divulgação da sentença, eliminando "qualquer entrave burocrático".

O presidente do Iraque, Jalal Talabani, declarou algumas vezes que, por princípio, é contra a pena capital. Saddam, que é acusado pelo genocídio de milhares de curdos, enfrentará os tribunais novamente no início de agosto.

Durante a viagem, al-Maliki anunciou também que a Justiça do país vai investigar o estupro de uma adolescente e o assassinato de sua família por soldados americanos em março. Em seu primeiro comentário sobre o caso, o premier disse ainda que a imunidade judicial que os soldados estrangeiros têm no Iraque precisa ser revisada.

- Queremos que, pelo menos, seja feita uma investigação conjunta com as forças da coalizão sobre o caso. Consideramos que a imunidade concedida aos soldados estrangeiros serviu de estímulo para que muitos crimes fossem cometidos. Por isso é necessário revisar esta medida - disse ele.

Violência em Bagdá matou 1.595 pessoas em junho

O ex-soldado acusado de assassinar a família responde a processo na Justiça americana. Quatro outros soldados, que estão no Iraque e teriam participado do estupro da adolescente, estão sob investigação.

Ontem, uma reportagem do jornal "The New York Times" revelou que a violência no Iraque deixou 1.595 mortos em junho em Bagdá e nos arredores. O jornal cita fontes do necrotério da cidade.

A quantidade significa um aumento de 16% em relação ao número de corpos recebidos pelo necrotério em maio e é quase o dobro do recebido em junho de 2005, que foi de 879.

Bagdá, com cerca de seis milhões de habitantes, abriga menos de 25% da população total do Iraque, de cerca de 27 milhões. Os números oficiais de mortos nas outras províncias do país, no entanto, não são exatos. Alguns veículos de comunicação e ONGs calculam entre 50 mil e 100 mil o número de mortos iraquianos desde a invasão do país em março de 2003. Os EUA estimaram recentemente o número de mortos em 30 mil.