Título: OAB VÊ `ALGO DE ERRADO¿ NAS PREVISÕES DE GASTOS
Autor:
Fonte: O Globo, 07/07/2006, O País, p. 5

Ministro do TSE diz que `tomou um susto¿ com valores declarados pelos partidos para a campanha presidencial

BRASÍLIA. O presidente em exercício do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ercílio Bezerra, disse estranhar a diferença de gastos previstos pelos candidatos à Presidência nas eleições deste ano em relação a 2002. As coligações registraram suas candidaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com limites de gastos que, em alguns casos, chegam a quase o triplo dos valores previstos para 2002. Depois do escândalo do mensalão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, por exemplo, prever gastar R$89 milhões. O candidato tucano, Geraldo Alckmin, estima gastar R$85 milhões.

¿Partidos praticamente reconhecem o caixa dois¿

Bezerra lembra que a expectativa para estas eleições era que as campanhas fossem mais enxutas devido às restrições impostas pela minirreforma eleitoral, entre elas a proibição de showmícios e punição de caixa dois. O ministro do TSE José Gerardo Grossi também criticou a previsão de gastos dos partidos nesta eleição.

Para o presidente em exercício do Conselho da OAB, ou os valores informados no passado estão errados, tendo ocorrido gastos não contabilizados à Justiça Eleitoral, ou os declarados agora são mais altos ¿exatamente para encobrir e tornar oficiais as diferenças gastas no passado por meio de caixa dois¿.

¿ Como se pode conceber que esse teto para os gastos sofra essa majoração extraordinária num período tão exíguo? Está claro que há algo de errado. Com isso, implicitamente, os grandes partidos praticamente reconhecem o tamanho do caixa dois usado na campanha passada ¿ disse Bezerra.

Gerardo Grossi criticou ¿a gastança¿:

¿ A previsão para esta eleição é quase o dobro da previsão feita para a eleição presidencial de 2002, que foi uma eleição de muita gastança. O projeto apresentado ao Senado (da minirreforma eleitoral) teve como finalidade, pelo menos finalidade anunciada, o barateamento das campanhas eleitorais. Confesso que tomei um susto muito grande quando vi a previsão de gastos das campanhas eleitorais ¿ disse o ministro do TSE.

A menor previsão de gastos foi registrada pelo PCO, de Rui Pimenta: R$100 mil. O maior valor foi declarado pela empresária Ana Maria Teixeira Rangel, do PRP, que protocolou ontem sua candidatura, uma vez que seu partido não fez o pedido de registro no prazo legal.

¿ Essa previsão em geral é feita com certo exagero, exatamente porque é uma previsão que não poderá ser trocada. Claro que há a possibilidade de aumentar a previsão, comprovando e argumentando ¿eu fiz uma previsão incorreta, preciso ampliar um pouco¿ ¿ disse o ministro.

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