Título: PARA BICUDO, LEI DEVERIA OBRIGAR PARENTES A DECLARAR PATRIMÔNIO
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 07/07/2006, O País, p. 9

`Mais importante é saber como evoluiu a fortuna dos familiares¿, diz jurista

SÃO PAULO e RIO. As aplicações financeiras dos candidatos à Presidência declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não deveriam preocupar os brasileiros, avalia o jurista Hélio Bicudo. Para ele, é mais importante que a Lei Eleitoral seja modificada, obrigando os parentes dos candidatos a declarar publicamente o patrimônio.

¿ O mais importante não são os rendimentos pessoais do candidato, mas saber como evoluiu a fortuna dos familiares. Isso não aparece. O candidato pode ter posto bens no nome da mãe, do irmão, da sogra. Alguém com um mínimo de inteligência não declararia em seu patrimônio um dinheiro do qual não tem como confirmar a origem ¿ disse Bicudo.

O jurista, que foi um dos fundadores do PT mas se desligou do partido com o escândalo do valerioduto, criticou a brecha na lei que permite que o presidente da República possa fazer operações na Bolsa de Valores, diferentemente do que é imposto ao ministro da Fazenda e ao presidente do Banco Central. Em sua declaração de bens, o presidente Lula informou que tem cerca de R$3.400 em ações de estatais, o que é proibido para o ministro da Fazenda ou presidente do BC, independentemente do valor aplicado, pela possibilidade de uso de informação privilegiada.

¿ É óbvio que a lei que fala do ministro da Fazenda e do presidente do Banco Central deveria ser aplicada a um presidente da República. Ela é falha nesse sentido ¿ afirmou Bicudo.

Para o jurista, a forma como o presidente aplicou seus recursos não é relevante:

¿ O que ele faz do dinheiro dele, desde que honestamente, é problema dele.

Para Ricardo Ismael, professor do departamento de sociologia e política da PUC-RJ, o modelo de investimentos de Lula é semelhante ao de grande parte do classe média.