Título: MANTEGA EXALTA EXPANSÃO DO CRÉDITO
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 07/07/2006, Economia, p. 25

Ministro divulgou dados dos governos Lula e FH, mas negou campanha

BRASÍLIA. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostrou ontem que continua engajado na campanha para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na estratégia de comparar o governo atual com o anterior em áreas consideradas trunfos para ganhar a disputa nas urnas, Mantega fez um balanço sobre o volume de crédito no país, mostrando que subiu de 23,9% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de riquezas produzidas pelo país) para 32,6% entre 2003 e 2006.

Na segunda-feira, o ministro já havia feito uma avaliação sobre investimentos públicos, destacando que os do setor público (com as estatais) chegarão a 2,5% do PIB este ano, o que seria maior que o melhor ano do governo Fernando Henrique Cardoso (2,28%).

A divulgação de ontem foi feita no Palácio do Planalto após reunião com o presidente Lula, da qual também participaram os ministros do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e do Planejamento, Paulo Bernardo, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, além dos comandantes do BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste.

¿ Foi dada uma orientação do presidente Lula para que o volume de crédito continue aumentando no país e para que os spreads (diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa de juros cobrada dos clientes) sejam reduzidos ¿ disse Mantega.

Ministro ressaltou aumento do crédito em bancos oficiais

Ao ser perguntado sobre o motivo de divulgar dados que já são publicados pelo Banco Central, Mantega disse que estava dando detalhes ainda não conhecidos sobre bancos oficiais:

¿ Os dados globais são conhecidos, mas os dos bancos não. Estamos mostrando o que aconteceu em cada uma das linhas de financiamento.

Depois, ao chegar no Ministério da Fazenda, rebateu mais incisivamente:

¿ Não estou fazendo campanha, estou trabalhando pela gestão das contas públicas. Cuido para que a reputação do Brasil se mantenha forte. Sou obrigado a responder para defender as contas públicas ¿ disse, reafirmando que atua ¿100% dentro de suas funções administrativas¿.

O ministro ressaltou que o crédito habitacional da Caixa cresceu 54% desde 2002. Também destacou que os empréstimos do Banco do Brasil para micro e pequenas empresas tiveram alta de 160% nos últimos quatro anos. Mesmo assim, no período, enquanto as instituições públicas aumentaram o volume de crédito para 11,9% do PIB, o setor privado atingiu um patamar mais elevado: 20,7%.

¿ O setor público concede crédito com prazos mais longos e em áreas com rentabilidade menor. Mesmo assim, nossa preocupação não é ganhar do setor privado e sim aumentar o crédito com custo mais baixo ¿ disse o ministro.

Mantega reconheceu que o aumento no crédito e as reduções nos juros ainda não foram suficientes para que a economia tenha um crescimento sustentado. O ideal, disse, é que o Brasil atinja um volume de crédito de 40% do PIB.

¿ Isso pode ocorrer rapidamente ¿ disse.

Segundo o ministro, os juros já estão em queda e o país hoje é sólido, sem crises no seu horizonte, o que deve estimular o setor privado a liberar mais recursos para crédito, além de reduzir spreads:

¿ Nos bancos públicos, tem havido redução. Queremos que o setor privado também faça isso.