Título: PREÇO DOS ALIMENTOS NO ATACADO FAZ INFLAÇÃO PELO IGP-DI SUBIR PARA 0,67%
Autor: Fabiana Ribeiro
Fonte: O Globo, 07/07/2006, Economia, p. 29

Índice para consumidor tem deflação e, em 12 meses, é menor que na Inglaterra

Os reajustes dos alimentos no atacado pressionaram a inflação e, por isso, o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) quase dobrou no mês passado. Saiu de uma variação de 0,38% em maio para 0,67% em junho. O resultado elevou o índice acumulado de 12 meses para 0,98%, após deflação de 0,14% no mês anterior. No ano, a taxa, usada no reajuste das contas de telefone fixo, é de 1,28%.

No mercado atacadista, os preços, que representam 60% do índice geral, subiram 1,06%. Ficaram mais caros itens como cana-de açúcar (8,57%), soja (4,20%), milho (5,51%) e arroz em casca (11,59%).

¿ Apesar da alta, não há nada de alarmante. Até porque não há motivos para que os preços no atacado continuem subindo ¿ disse o economista Salomão Quadros, da Fundação Getulio Vargas (FGV).

O movimento de alta no atacado teve exceções. Ficaram mais baratos carnes bovinas de primeira (4,70%) e de segunda (3,01%) e frango (3,56%).

¿ Esse setor é influenciado pelo mercado internacional. O frango, por exemplo, ainda sofre com os efeitos no consumo provocados pela gripe aviária ¿ afirmou o economista da FGV.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) ¿ 30% de peso na taxa geral ¿ teve deflação de 0,40% em junho. Entre os destaques, estão os preços de tomate (-23,20%), batata (-7,81%) e álcool (-6,54%).

Alta no atacado começa a ser sentida no varejo

Segundo Quadros, o comportamento do IPC não deve se repetir na próxima apuração. As variações positivas do atacado, explicou, já começam a contaminar o varejo.

¿ O óleo de soja, por exemplo, ficou 0,09% mais em conta para o consumidor no mês passado. Em maio, sua taxa era de -1,37%. A queda foi menor em junho e isso é um efeito do preço no atacado.

O economista lembra, no entanto, que a taxa do IPC acumulada em 12 meses é de 1,86%. E compara a inflação brasileira com a de outros países:

¿ Na Inglaterra, o índice acumulado de maio é de 1,9%. Na Alemanha, de 1,7%. E na Espanha, de 3,1%.

Apesar das pressões que podem vir do varejo, a inflação de julho será puxada para baixo por dois itens que devem vir negativos: os reajustes de telefonia fixa e a tarifa de energia de São Paulo.

¿ Esses dois fatores vão tirar parte da força da taxa em julho ¿ disse Quadros.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) passou de 1,32% em maio para 0,90% em junho. A desaceleração é resultado do menor impacto dos reajustes salariais da mão-de-obra do setor.