Título: VENDA DE SEGREDOS DA COCA-COLA LEVA À PRISÃO
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Fonte: O Globo, 07/07/2006, Economia, p. 30

Pepsi ajuda rival e FBI a pegarem três suspeitos que pediam US$1,5 milhão por informações confidenciais

ATLANTA e NOVA YORK. Três pessoas foram presas na quarta-feira à noite, acusadas de tentarem vender segredos roubados da Coca-Cola Co. para a rival PepsiCo Inc., sendo uma delas funcionária da Coca-Cola. Elas foram ontem à Corte Federal de Atlanta, para responder às acusações de fraude, roubo e venda de segredos comerciais, incluindo uma amostra de um produto novo da Coca-Cola.

A ação tem os ingredientes de uma novela policial. Em maio, a Pepsi informou à Coca-Cola que havia recebido uma carta de alguém chamado Dirk oferecendo informações confidenciais sobre produtos da rival em troca de US$1,5 milhão, segundo os procuradores.

O FBI (a polícia federal americana), então, entrou no circuito, com agentes disfarçados, para fazer o contato com Dirk. Ibrahim Dimson, Edmund Duhaney e Joya Williams foram presos em Atlanta depois de receberem envelopes pardos com dinheiro em troca dos segredos da Coca-Cola.

Dimson (o Dirk da carta à Pepsi) e Duhaney são ex-presidiários e Williams, secretária do diretor de Marketing Global da Coca-Cola. Ontem, durante a audiência, ela foi solta sob fiança de US$23 mil. O juiz Joel Feldman também assinou uma ordem determinando que os acusados só discutam os segredos da Coca-Cola com seus advogados.

Vídeos mostram secretária com amostra de produto

Williams foi demitida da Coca-Cola após sua prisão, informou ontem a empresa. Gravações telefônicas e outras investigações mostraram que Williams era a fonte dos segredos comerciais a serem vendidos, afirmaram os procuradores. Eles disseram que os vídeos de segurança da Coca-Cola mostraram a secretária examinando arquivos em sua mesa em busca de documentos e depois guardando-os em sua bolsa.

Ela também foi vista com uma garrafa com uma etiqueta branca, semelhante à amostra de um novo produto da Coca-Cola, antes de colocá-la em sua bolsa. A empresa verificou que era realmente uma amostra.

Mas a advogada de Williams, Wanda Jackson, insinuou a existência de uma trama policial ao afirmar que o produto pode não ser tão secreto como a empresa sustenta.

¿ Realmente parece um filme de espionagem ¿ disse Jackson após deixar a corte. ¿ Por que eles deixariam um produto assim no escritório, um local de fácil acesso?

O diretor-executivo da Coca-Cola, Neville Isdell, lamentou o caso em um e-mail aos funcionários na quarta-feira, ressaltando a importância da informação para os negócios.

Já a rival Pepsi, cuja ajuda foi crucial para as investigações, afirmou ter feito o que qualquer empresa responsável faria.