Título: BOMBA EXPLODE DENTRO DE TREM E FERE 11 EM SP
Autor: Adaurin Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 08/07/2006, O País, p. 8

Ataque é atribuído a represália de vendedores ambulantes impedidos de atuar dentro dos vagões e nas estações

SÃO PAULO. Uma bomba explodiu ontem num trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) na estação do Brás, Centro de São Paulo, deixando 11 pessoas feridas. A explosão, por volta das 10h45m na linha entre Brás e Guaianazes, na Zona Leste, é atribuída a represálias de vendedores ambulantes impedidos de trabalhar nos trens e nas estações. O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), a empresa e a polícia afastaram qualquer ligação do atentado com as ações da maior facção criminosa que atua nos presídios paulistas.

A bomba de fabricação caseira, de pequeno poder de destruição, explodiu sob um banco do primeiro vagão do trem que estava na plataforma da Estação Brás. No momento da explosão 30 pessoas estavam no vagão. Onze ficaram feridas, a maioria com peças de metal alojadas no abdome, braços e pernas. A bomba tinha pólvora e era recheada com pregos, parafusos, pequenas peças de metal e bolinhas de gude. O artefato estava embaixo de um banco, numa caixa de chocolate, dentro de uma sacola plástica. O banco ficou totalmente destruído e um buraco se abriu no piso.

Terceira bomba encontrada em duas semanas

De acordo com a CPTM, a suspeita é de que o ataque tenha sido feito por um vendedor ambulante. No último mês houve operações de apreensão de mercadorias vendidas nos trens. Nas últimas duas semanas foram registradas duas ocorrências com bombas em estações de trem. Em uma delas um ambulante foi preso em flagrante com um artefato explosivo na estação da Lapa, que não chegou a explodir. Na outra a bomba não era de verdade.

O governador disse que a explosão da bomba não tem relação com os ataques promovidos no estado desde maio:

¿ Tudo indica que foi um revide (de ambulantes). Não há ligação com o crime organizado.

O delegado Mario Jordão Toledo Leme, da 1ª Seccional de Polícia, corroborou:

¿ Não vejo nenhuma conotação, pelos antecedentes do comércio clandestino nas estações e nos trens. Eles (vendedores ambulantes) estão revoltados. Chegaram a ameaçar de morte e agressão o pessoal que trabalha nas estações.

Entre os feridos, o caso mais grave foi o de Alice de Oliveira Lisboa, de 44 anos, que teve pregos alojados no abdome e nas pernas. Ela foi submetida a cirurgia para retirada dos metais.

¿ Só me dei conta dos ferimentos quando estava fora (do trem). Machucou bastante, mas não dei tanta importância. Só estava preocupada com minha nenê ¿ contou na entrada do 8ª Distrito Policial, no Belém, onde depôs. Ela levava no colo a filha Nicole, de 3 anos.

Segundo o passageiro Antonio Paulo da Cunha, um dos feridos, havia uma sacola plástica embaixo do banco do vagão do trem. Ele havia embarcado na Estação da Luz e ia até Guaianazes. Quando o trem parou no Brás, segundo ele, em menos de um minuto a bomba explodiu:

¿ Só escutei o estrondo e vi muita fumaça e correria.

Os feridos foram Vitor dos Reis Campos, 19 anos, Francisco Alves Sales, 58, Edson dos Santos, 37, Rafael Cigano Manssano, 18, José Kilinsnky, 76, Luiz Fernando Areias, 52, Alice de Oliveira Lisboa, 44, Rafaela Samila Souza, 29, Antonio Paulo da Cunha, 40, Luana Ribeiro Miranda, 17, e Fabiano Sales Costa.