Título: DÓLAR VOLTA A SUBIR COM DADOS DOS EUA
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 08/07/2006, Economia, p. 28

Resultados do mercado de trabalho levam cotação da moeda a R$2,182

RIO e NOVA YORK. A preocupação dos investidores estrangeiros com o ritmo de expansão da economia americana e uma nova atuação do Banco Central (BC) no mercado de câmbio brasileiro, levaram o dólar a fechar em alta de 0,46%, cotado a R$2,182 para venda. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acompanhou os mercados internacionais e fechou em queda de 1,18%, aos 36.101 pontos. O risco-Brasil avançou 0,82%, para 245 pontos centesimais e o Global 40, título mais negociado da dívida externa brasileira, registrou ligeira alta: 0,32%, cotado a 125% do valor de face.

No mercado de câmbio, a entrada do Banco Central no fim da tarde, próximo ao encerramento dos negócios, ajudou a manter a cotação da moeda pressionada. Por volta das 15h, o BC anunciou o leilão, adquirindo dólares por R$2,182. Segundo Marcos Forgione, gerente de câmbio da corretora Souza Barros, o fraco volume do mercado de câmbio em função da cautela dos investidores ajudou a aumentar o impacto da atuação do Banco Central.

¿ O BC acabou pegando o mercado de surpresa, num momento em que o dólar já estava em alta ¿ diz Forgione.

Ontem, os negócios no mercado de câmbio ficaram restritos a US$900 milhões, bem abaixo do cerca de US$1,4 bilhão dos últimos dias.

Em Wall Street, pesaram os dados de desemprego, que indicam desaceleração da economia, e reduções em estimativas de lucros de algumas empresas, como 3M e AMD. O Dow Jones recuou 1,2%, enquanto o Nasdaq caiu 1,16% e o S&P, 0,67%.

O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos informou ontem que a taxa de desemprego ficou estável em junho, em 4,6%, com a abertura de 121 mil vagas. Foi uma melhora em relação a maio (92 mil) mas ficou abaixo das estimativas de 175 mil, o que mostra que as empresas estão reticentes em contratar devido à desaceleração da economia e à alta dos preços de energia. No segundo trimestre, a média mensal foi de 108 mil novas vagas, contra 176 mil no primeiro.

Dados podem segurar alta de juros do Fed

Analistas acreditam que isso pode fazer o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pensar duas vezes antes de elevar novamente os juros. Mas a energia ainda é um fator de pressão inflacionária, aliada aos salários. Estes subiram 3,9% em junho frente ao mesmo mês do ano passado, a maior alta desde 2001.

¿ Apesar de más notícias serem boas em relação ao Fed, elas ainda são más notícias para a economia ¿ disse à CNN Bryan Piskorowski, analista da Wachovia Securities.

(*) Com agências internacionais