Título: AUMENTA PRESSÃO SOBRE CORÉIA DO NORTE
Autor: Gilberto Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 08/07/2006, O Mundo, p. 33

Coréia do Sul suspende envio de alimentos e Japão estuda sanções financeiras

PEQUIM. A pressão contra a Coréia do Norte está aumentando, com Coréia do Sul, Japão e Austrália se tornando os primeiros países a adotarem medidas contra Pyongyang após o lançamento de sete mísseis. A Coréia do Sul, que vinha se aproximando do vizinho nos últimos anos, anunciou ontem a suspensão do envio de 500 mil toneladas de arroz e cem mil toneladas de fertilizantes até que a crise seja resolvida. O Japão também anunciou a suspensão no envio de alimentos e disse que estudava sanções financeiras.

¿ Sinto pena da população que passa fome, mas o Japão não tem planos de mandar alimentos para a Coréia do Norte e vamos manter exportações e importações a níveis mínimos ¿ afirmou o ministro da Agricultura, Shoichi Nakagawa.

Pyongyang ameaça Japão devido a sanções

Tóquio já havia suspendido o transporte de balsa entre os dois países, numa medida que segundo o governo norte-coreano ¿poderia ter conseqüências devastadoras¿.

¿ Isso pode nos forçar a tomar medidas físicas mais fortes ¿ disse Song Il-ho, embaixador norte-coreano encarregado das negociações com o Japão.

A Austrália, um dos poucos países a manter relações diplomáticas com a Coréia do Norte, chamou o embaixador norte-coreano para esclarecimentos e cancelou visitas diplomáticas. A imprensa local disse que Canberra pode reduzir muito os laços com Pyongyang.

Enquanto isso, o Japão pressiona o Conselho de Segurança para votar uma resolução contra o programa de mísseis neste fim de semana, mesmo sabendo que China e Rússia rejeitam a adoção de sanções. Perguntado se usaria o poder de veto, o embaixador chinês, Wang Guangya, respondeu:

¿ Se esta resolução for posta em votação, certamente não haverá unidade no Conselho de Segurança.

A Coréia do Norte consideraria as sanções uma declaração de guerra, disse seu vice-embaixador na ONU. E, segundo Seul, Pyongyang estava mobilizando um novo míssil de longo alcance, mas a notícia foi desmentida pelos EUA. Apesar do clima de tensão, Seul afirmou que diplomatas dos dois países se reunirão entre 11 e 14 de julho no porto sul-coreano de Pusan.

O enviado do Departamento de Estado americano, Christopher Hill, chegou ontem à região para visitar os outros países que participam das negociações com a Coréia do Norte: China, Rússia, Coréia do Sul e Japão. Mas a recepção na China foi fria. Antes de embarcar para a Coréia do Sul, Hill conversou com autoridades chinesas, que defendem uma saída diplomática.

¿ A China afirmou que vai manter encontros com autoridades norte-coreanas para tentar trazê-las de volta às negociações ¿ disse Hill.

Com agências internacionais