Título: EM PORTUGAL, ALCKMIN DEFENDE REDUÇÃO DE IMPOSTOS
Autor: Adriana Niemeyer
Fonte: O Globo, 11/07/2006, O País, p. 5

Tucano critica a CPMF mas diz que não é possível, de um dia para o outro, acabar com tributo que recolhe R$30 bi

LISBOA. Na primeira etapa de uma viagem de dois dias à Europa, o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, disseque a política fiscal é um dos grandes problemas brasileiros e criticou a alta carga tributária do país, de cerca de 40% do PIB. Ele defendeu a redução desse patamar em pelo menos dez pontos percentuais, para que o país tenha recursos para investimentos, mas não detalhou como pretende atingir esse objetivo se for eleito.

¿ Os países emergentes, Argentina, Chile, Venezuela, México, todos têm menos de 30 pontos (percentuais). Alguns têm 20% . E o pior é que está aumentando ano a ano. A conseqüência desta politica fiscal é o estrangulamento do crescimento da economia ¿ disse.

Alckmin lembrou que o investimento no ano passado foi de 0,4% do PIB. Para ele, a fórmula do governo Lula tem sido aumentar os gastos correntes e cortar investimentos.

¿ Nós vamos fazer o contrário: cortar gastos correntes, cortar impostos, e aumentar o investimento.Vamos fazer reformas estruturais, tocando principalmente na questão fiscal. E fazendo um grande esforço na gestão de gasto público. Esse parece ser o caminho para ter um crescimento mais forte.

Alckmin criticou ainda a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Perguntado sobre a possibilidade de extingui-la, respondeu que não seria possível, de um dia para o outro, acabar com um tributo que arrecada R$30 bilhões.

Em Lisboa, Alckmin teve encontros com o presidente português, Cavaco Silva, e com o primeiro-ministro, José Socrates. É a primeira visita internacional da campanha eleitoral. Segundo o candidato, sua intenção é dar maior destaque e buscar uma maior inserção internacional para o Brasil.

¿Cada milhão de dólares significa 60 mil empregos¿

Portugal, disse Alckmin, é a porta de entrada do Brasil na União Européia, porque além das relações históricas e dos investimentos portugueses no Brasil, é um elo para parcerias com outros mercados.

¿ Esse é um sentido que darei a meu mandato: a grande importância do comércio exterior e a busca de mercados. Porque cada milhão de dólares que exportamos significa a criação de 60 mil empregos.

Alckmin disse que o primeiro-ministro reafirmou a importância de uma linha de investimentos de duas vias, ou seja, que a internacionalização das empresas brasileiras usem Portugal como base para entrar na Europa. Segundo o tucano, a imagem de Lula no exterior não foi suficiente para fechar acordos comerciais do interesse do Brasil:

¿ O acordo com os Estados Unidos não aconteceu, houve problemas com o próprio Mercosul, problemas com a Bolívia, onde houve apropriação de ativos da Petrobras e o governo Lula mostrou-se submisso. Eu condenaria isso nos fóruns responsáveis. Penso que na área internacional nós temos muito mais chances de avançar.

Em relação à entrada da Venezuela no Mercosul , Alckmin disse ser positiva, mas ressalvou:

¿ Eles faziam parte do Pacto Andino e saíram. Foi um ato político. Temos que ver quais são as intenções do país.

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