Título: INVASORES DO MLST SÃO DENUNCIADOS À JUSTIÇA
Autor: Alan Gripp e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 11/07/2006, O País, p. 9

Eles deverão responder por lesão corporal, dano qualificado ao patrimônio público e formação de quadrilha

BRASÍLIA. A Procuradoria-Geral da República no Distrito Federal ofereceu ontem denúncia na Justiça Federal contra integrantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) que, em 6 de junho, invadiram a Câmara, destruindo suas dependências e ferindo cerca de 40 pessoas. Caso seja aceita, os integrantes do MLST passarão a ser réus e responderão a processo pelos crimes ocorridos naquele dia.

Os procuradores federais não informaram quantos sem-terra foram denunciados. No fim de junho, a Polícia Federal concluiu a primeira parte do inquérito, com o pedido de indiciamento de 115 dos 496 integrantes presos em flagrante. Eles deverão responder por lesão corporal, dano qualificado ao patrimônio público e formação de quadrilha.

PF indiciou 42 sem-terra, inclusive cabeça da invasão

Entre os indiciados pela Polícia Federal há 42 sem-terra (incluindo nove mulheres) que permanecem presos no complexo penitenciário da Papuda, em Brasília. Entre eles está Bruno Maranhão, líder do movimento. Também estão presos os líderes regionais do MLST e invasores identificados pelas imagens do circuito interno da Câmara e de emissoras de TV.

Neste grupo, estão ainda militantes que participaram de uma reunião na sede da Contag em Brasília, na véspera da invasão, quando os sem-terra planejaram detalhes da invasão. As imagens do encontro, gravadas por um dos militantes do movimento, foram apreendidas pela PF e fazem parte da denúncia dos procuradores.

Os detalhes da denúncia serão conhecidos hoje de manhã, quando a equipe de procuradores da República da área criminal dará entrevista.

Militantes se armaram de paus e blocos de cimento

Participaram da investigação os procuradores Gustavo Pessanha Veloso, José Diógenes Teixeira, Luís Fernando Bezerra Viana, Vinícius Fernandes Alves, Lívia Nascimento Tinoco e Valtan Martins Furtado.

Na invasão da Câmara, os integrantes do MLST estavam armados de paus, pedras e blocos de cimento. Eles entraram em confronto com os seguranças quando tentaram entrar no prédio.

Após o quebra-quebra, os militantes ocuparam o Salão Verde da Câmara por cerca de uma hora e só aceitaram deixar o prédio após a ameaça de prisão, mais tarde concretizada por determinação do presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). No início daquela noite, já presos, os integrantes do MLST foram levados para um ginásio de esportes, onde prestaram depoimento antes de serem levados para a Papuda.