Título: ARGENTINA ELEVA PREÇO DO COMBUSTÍVEL NA FRONTEIRA COM BRASIL E OUTROS PAÍSES
Autor: Janaina Figueiredo
Fonte: O Globo, 11/07/2006, Economia, p. 23

Medida visa a combater `comércio formiga¿ em busca de gasolina barata

BUENOS AIRES. O governo argentino anunciou ontem um reajuste no preço dos combustíveis nas fronteiras com Brasil, Uruguai, Chile e Bolívia. A medida, explicou o secretário de Energia, Daniel Cameron, busca combater o ¿comércio formiga¿ de combustíveis em cidades como Puerto Iguazú, onde todos os dias centenas de brasileiros abastecem seus automóveis a preços muito mais baixos.

¿ Quando atravessarem (a fronteira), esses vizinhos vão encontrar preços parecidos aos que pagam em seus países de origem ¿ afirmou Cameron, após reunião com o presidente, Néstor Kirchner, e com o ministro do Planejamento, Julio de Vido.

A iniciativa, que ainda não foi regulamentada, prevê a instalação de bombas exclusivas para estrangeiros nos postos de gasolina localizados nas fronteiras. Segundo Cameron, em cidades como Puerto Iguazú, na fronteira com o Brasil, a venda de combustível supera entre 1,5% e 2% a média nacional, o que representa em torno de 120 mil metros cúbicos. Um litro de diesel custa cerca de US$0,48 na Argentina, contra US$0,90 no Chile e US$0,85 no Brasil.

¿ Os preços diferenciais serão para carros com placas de outros países ¿ explicou Cameron, afirmando ser esta uma ¿medida de simetria¿.

Quando chegou ao poder, em 2003, Kirchner liderou uma cruzada contra o aumento do preço dos combustíveis, provocando sérios conflitos entre o governo e algumas petrolíferas, como a Shell, que decidiram desafiar o presidente. Em resposta, Kirchner convocou um boicote nacional contra a Shell. Além disso, movimentos de desempregados, os chamados piqueteiros, organizaram manifestações em postos de gasolina da empresa.

¿ Os preços dos combustíveis nos países vizinhos diferem dos nossos em função de medidas adotadas oportunamente pelo Estado ¿ disse o secretário, referindo-se aos acordos selados entre Kirchner e as petrolíferas que operam na Argentina para congelar o preço dos combustíveis.