Título: LULA CORTEJA CABRAL, QUE RETRIBUI MAS SE DIZ NEUTRO
Autor: Dimmi Amora/Maiá Menezes
Fonte: O Globo, 12/07/2006, O País, p. 15

Peemedebista pode esbarrar, porém, na resistência de Garotinho a dar palanque ao petista

O senador Sérgio Cabral Filho, candidato do PMDB ao governo do Estado do Rio, mandou ontem aquele abraço para o presidente Lula. O carinho foi enviado, segundo ele, pelo senador Ney Suassuna (PMDB-PB), que participou da reunião de líderes governistas do partido com o presidente na noite de segunda-feira. E mostra que Cabral está cada vez mais propenso a apoiar a candidatura à reeleição do presidente no Rio.

- Recebi um telefonema carinhoso do senador Ney Suassuna e ele me disse que o presidente Lula fez referências muito carinhosas à minha pessoa no encontro. E eu mandei um abraço para o presidente Lula. Um abraço fraternal e carinhoso - disse o candidato em entrevista após um debate na Fecomércio-RJ.

Prefeitos querem que Cabral apóie Lula

Mas Cabral diz que faz seu próprio caminho e não assume publicamente que vai para o palanque do presidente no Rio. Segundo ele, prefeitos que vão apoiar Lula e ele estão querendo que declare apoio ao petista. Mas ele diz que, por enquanto, vai se manter neutro. Perguntado se a decisão é irreversível, Cabral respondeu:

- Nada em política pode ser irreversível, a não ser os valores éticos e morais. Há prefeitos desejosos de se manifestarem. O calor da disputa, os acontecimentos, podem levar segmentos do partido a se manifestarem - disse o senador, que afirmou ter boa relação com Lula embora não fale com ele há meses.

Cabral calcula ter o apoio de até 82 dos 92 prefeitos do estado. Cálculos iniciais do PT indicavam que Lula teria o apoio de até 60 prefeitos no estado. A maioria, portanto, apoiará os dois candidatos que até agora estão na frente nas pesquisas eleitorais.

Além disso, Cabral quer continuar à frente nas pesquisas. E, para isso, tem o interesse pessoal em não dar palanque ao candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin (PSDB), no Rio, para não dividir com a deputada Denise Frossard (PPS), apoiada pelo PFL do prefeito do Rio, Cesar Maia, ou com o deputado Eduardo Paes, candidato do PSDB. Cabral considera que os candidatos da aliança de Alckmin são os adversários que mais o atacam no estado.

O problema de declarar o apoio a Lula seria a reação do ex-governador Anthony Garotinho, que é o presidente regional do PMDB e já acusou o petista de ter manipulado o partido para derrubar a candidatura dele a presidente.

Petista, Lindberg diz que já conversou com Cabral

O aceno de Cabral a Lula vem sendo costurado desde que Garotinho foi descartado da corrida presidencial. O prefeito petista de Nova Iguaçu, Lindberg Faria, disse que procurou Cabral para evitar que ele montasse mais um palanque no estado para Alckmin.

- A eleição do Lula é para nós o mais importante. Mas, no Rio, estou com o Vladimir (Palmeira, candidato do PT) - disse Lindberg.

Alguns prefeitos petistas, entre eles o de Paracambi, André Cecilliano, e de Itaboraí, Cosme Salles, porém, esqueceram a fidelidade partidária. Eles já declararam apoio a Sérgio Cabral.