Título: SOLIZ: ELEIÇÕES ATRAPALHAM NEGOCIAÇÕES
Autor: Ramona Ordonez
Fonte: O Globo, 12/07/2006, Economia, p. 25
LA PAZ, RIO, BRASÍLIA e BRUXELAS. O ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Andrés Soliz, afirmou ontem que a corrida eleitoral brasileira está prejudicando as negociações para ajustar o preço do gás natural que o país andino vende ao Brasil. Apesar disso, o ministro anunciou que as equipes técnicas dos dois países iniciam hoje uma segunda rodada de negociações:
- O candidato (Luiz Inácio Lula da Silva) não quer perder votos nesta negociação e que a direita o acuse de haver sido brando.
O chanceler boliviano, David Choquehuanca, recomendou aos negociadores de seu país que tenham "muito cuidado", lembrando que o contrato tem vigência até 2019.
Para o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, as negociações estão ocorrendo de forma adequada. Ele não quis comentar as declarações de Soliz. Como a Bolívia solicitou formalmente que a Petrobras reveja os preços que paga, o prazo de 45 dias para um acordo começou a correr.
Já o presidente do BNDES, Demian Fiocca, afirmou ontem que se empresas brasileiras ganharem as licitações que serão feitas pelo governo boliviano, poderão receber financiamento do banco. Um dos negócios é a compra de 300 tratores, no valor estimado de US$25 milhões. O outro é a construção de uma rodovia.
Segundo Fiocca, técnicos do banco participaram da missão brasileira chefiada pelo Itamaraty na semana passada à Bolívia para analisar negócios, o que faz parte da política do banco de financiar a exportação de materiais ou serviços brasileiros.
A possibilidade de financiamento pelo BNDES foi motivo de crítica do candidato tucano à presidência, Geraldo Alckmin, que acusou o governo de ter uma posição pouco firme diante da crise do gás com a Bolívia:
- Não houve uma posição firme do governo no sentido de não aceitar a forma como foi feita a expropriação de ativos.
(*) Com agências internacionais
(**) Especial para O GLOBO