Título: PM E SUA IRMÃ MORREM, ELE AO ABRIR A PORTA DE CASA, ELA AO IR À JANELA
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Fonte: O Globo, 13/07/2006, O País, p. 4

No ataque ficou ferido um policial; oito morrerwm em ataques da facção

SÃO PAULO. Dos oito assassinatos cometidos ontem pela principal facção criminosa paulista, o caso que mais chocou foi a morte de um policial militar e de sua irmã durante uma emboscada de madrugada na Vila Nova Cachoeirinha, Zona Norte de São Paulo. O soldado Odair José Lorenzi, de 29 anos, levou vários tiros ao sair de casa para atender a uma mulher que bateu em sua porta. A irmã dele, Rita de Cássia Lorenzi, de 39 anos, morreu com um tiro na cabeça ao aparecer na janela do sobrado de camisola para ver o que estava acontecendo. Na fuga, os assassinos ainda feriram outro PM que chegava no local.

Segundo a PM, a família de Lorenzi já estava dormindo por volta da meia-noite e meia quando uma mulher começou a bater na porta do sobrado, na Rua Alfredo Werner, na Favela do Boi Malhado, e a chamar pelo nome do soldado. O soldado, que trabalhava na Força Tática do 8º Batalhão, foi baleado assim que abriu a porta. Na hora de fugir, os criminosos perceberam que a irmã de Lorenzi estava na janela e atiraram contra ela.

Minutos antes, Rita cobrara do namorado, por celular, um pedido de casamento.

¿ Mandei uma mensagem e ela enviou outra para mim. Conversamos por telefone. Ela me cobrou o casamento. Eu ia pedi-la em casamento, mas não deu tempo ¿ revelou Marco Antônio Galvão.

Helicóptero sobrevoa região para localizar criminosos

O helicóptero Águia, da PM, sobrevoou a região durante cerca de meia hora para tentar localizar os criminosos, mas não obteve sucesso. Várias viaturas da PM fizeram buscas em ruas da Favela Boi Malhado e também não conseguiram localizar suspeitos. Segundo a polícia, Lorenzi estava na PM há dez anos. Os assassinatos foram registrados no plantão do 40º Distrito Policial (Vila Santa Maria).

O agente penitenciário Abner Machado da Silveira, de 53 anos, também foi morto a tiros. Ele foi atacado ontem à tarde quando escoltava presos do regime semi-aberto em frente ao Centro de Detenção Provisória (CDP) Ataliba Nogueira, em Campinas.

Segundo testemunhas, um Corsa se aproximou do CDP com pelo menos duas pessoas que abriram fogo na direção do agente. Ele acabou sendo atingido por três disparos. Funcionários do CDP levaram Silveira a um hospital da cidade, onde ele faleceu.

Silveira trabalhava no sistema prisional do Interior desde 1991, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). O CDP tem capacidade para 1.060 presos e possui 1.320 detentos atualmente, segundo a SAP.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, morreram também Antônio Leandro Soares, de 19 anos, filho de um ex-carcereiro, baleado em São Vicente, na Baixada Santista ¿ ele é filho de um ex-carcereiro da cidade que atualmente trabalha como investigador da Polícia Civil em Mauá; três vigilantes particulares no Guarujá, também na Baixada; e o ex-policial militar Ronaldo Luciano Bellinazzi, de 38 anos, que foi executado com, pelo menos, sete tiros (alguns na cabeça) por volta das 10h30m de ontem, quando trabalhava como vigilante de um comércio de materiais recicláveis, na Avenida Engenheiro Caetano Álvares, perto do Terminal da Casa Verde, na Zona Norte da Capital. Ronaldo seria informante da polícia.

Casa de agente é atingida por bomba

A casa de um agente penitenciário foi atingida por duas bombas artesanais ¿ uma espécie de coquetel molotov ¿ na tarde de ontem, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Os dois agressores fugiram de bicicleta. Não houve feridos e ninguém foi preso.

O ataque ocorreu por volta das 15h30m no Jardim Presidente Dutra, mesmo bairro em que, horas antes, um ônibus fora incendiado por criminosos. A primeira bomba atingiu parte do portão e um dos carros que estava na garagem, um Fiesta.

O agente estava na casa e correu para ver o que havia acontecido quando viu o segundo rapaz armando outro coquetel molotov.

¿ Ele arremessou na minha direção, mas errou ¿ disse o agente, que pediu para não ser identificado. A segunda bomba acertou outro carro que estava na garagem, um Palio, que se incendiou.

Ao ver o agente, um dos criminosos tentou fugir, mas caiu da bicicleta. O agente voltou para dentro de casa para se abrigar. Os criminosos fugiram em suas bicicletas. O caso está no 7º DP de Guarulhos.