Título: LULA CRITICA LEMBO E SUGERE FALTA DE CONTROLE
Autor: Luiza Damé e Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 13/07/2006, O País, p. 11
Thomaz Bastos vai oferecer o novo presídio de Catanduvas e diz que atentados não podem ser usados politicamente
SALVADOR e BRASÍLIA. Mesmo com a resistência do governador Cláudio Lembo (PFL), o governo federal vai insistir na oferta do auxílio da Força Nacional de Segurança Pública e do Exército para enfrentar a violência em São Paulo. O presidente Lula criticou ontem o governador, que dispensou tropas federais, e disse que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, voltará a oferecer ajuda.
O ministro dirá ao governador Lembo que a penitenciária federal de Catanduvas, no Paraná, está pronta para receber os criminosos. O presídio tem capacidade para 200 detentos e, segundo disse, nessa unidade celulares não entram.
Para Lula, a situação de São Paulo não é normal nem está sob controle, como afirmam autoridades do estado, e é grave, pois o que se tem que enfrentar é a ¿indústria do crime¿ e não bandidos comuns.
¿ Se têm controle, não poderia acontecer o que está acontecendo. Na hora em que acharem que é oportuno (o envio de tropas) que nos digam. Se São Paulo continuar achando que a situação está normal, o governo federal não pode fazer nada ¿ disse Lula.
Em Salvador, onde participou da abertura da 2ª Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora, Lula disse que o governo federal vai trabalhar em parceria com o governo de São Paulo para encontrar uma solução.
¿Não estamos enfrentando bandidos comuns¿, diz Lula
Para Lula, é preciso uma ação forte da polícia para evitar que os presos comandem as quadrilhas de dentro da cadeia.
¿ A situação é grave porque não estamos enfrentando bandidos comuns. Estamos enfrentando uma indústria do crime ¿ disse.
Thomaz Bastos, que conversou ontem com Lembo por telefone, condenou a exploração eleitoral da crise, seja pelo governo ou pela oposição:
¿ Não é possível que uma situação em que está morrendo gente todos os dias seja objeto de disputa eleitoral ou de guerra política. Este é um ano difícil, mas é preciso que os agentes públicos mantenham essa consciência bem nítida.
Sobre a possibilidade de a onda de violência ser usada eleitoralmente, Lula disse:
¿ Então vamos criar um país de mudos, porque não se pode falar nada (em ano eleitoral). Os bandidos não estão preocupados se vai ter eleições ou não.
(*) Enviada especial