Título: COM FARRA DO CRÉDITO, INADIMPLÊNCIA SOBE 15,3%
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 13/07/2006, Economia, p. 23

Economista da Serasa diz que cenário do 1º semestre acendeu luz amarela

A grande oferta de crédito continua a ser a vilã dos devedores. Apesar da queda de 12,8% em junho, a taxa de inadimplência de pessoa física até o mês passado teve alta de 15,3% em relação ao primeiro semestre de 2005. E, ao comparar com junho do ano anterior, as dívidas também mostram avanços: a inadimplência dos consumidores subiu 9%. Os dados foram divulgados ontem pela Serasa.

Em junho, as dívidas com cartões de crédito e financeiras representaram 32,8% da inadimplência dos consumidores, ultrapassando os débitos com cheques sem fundos (32,4%). Dívidas com bancos participaram com 31,9% e títulos protestados, com 2,9% do total.

¿ O crédito para pessoa física cresceu 32,7% em maio sobre igual período de 2005. E a inadimplência acompanha, com menos intensidade, o ritmo do crédito. Até porque a economia traz atenuantes: recuperação da renda do trabalhador, avanços no mercado de trabalho e aumento da massa salarial. Ainda assim o cenário acende uma luz amarela ¿ disse Carlos Henrique Almeida, assessor econômico da Serasa.

Segundo Almeida, os consumidores ainda pagam os bens comprados no Natal e ainda aumentaram suas dívidas em datas como Dia das Mães e Dia dos Namorados. Uma situação que levou o primeiro semestre a ter um valor médio das anotações de cheques sem fundos de pessoa física de R$569,37 ¿ 9% a mais que nos primeiros seis meses do ano passado. Os registros de dívidas com cartões de crédito e financeiras foram de R$306,79 (alta de 20,4% sobre a média do primeiro semestre de 2005).

Na avaliação de Almeida, a inadimplência brasileira deve ser monitorada. Isso porque, explica, a situação aumenta o risco do crédito e faz com que o consumidor arque com taxas de juros mais elevadas. Para ele, políticas mais adequadas de concessão de crédito poderiam trazer mais segurança às transações.

¿ O Brasil caminha para uma economia que cresce à base de crédito. Para isso, no entanto, necessita de mais estrutura ¿ resumiu o economista.