Título: PETROBRAS CONSEGUE NAVIOS 10% MAIS BARATOS
Autor: Ramona Ordoñez
Fonte: O Globo, 13/07/2006, Economia, p. 27

Após negociação, encomenda de dez navios de subsidiária da estatal a consórcio sairá por US$1,21 bilhão

A Transpetro, subsidiária da Petrobras na área de transportes marítimos e dutos, chegou a um acordo para a redução dos preços de dez navios petroleiros encomendados ao Consórcio Atlântico Sul. O preço total ficou em US$1,21 bilhão, uma queda de 10% sobre os valores apresentados inicialmente pelo consórcio ¿ formado por Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Aker Promar e Samsung. Os navios serão construídos em Pernambuco e cada um custará, em média, US$120,9 milhões, contra os US$134,4 milhões anteriores. O consórcio foi o primeiro colocado na licitação para os dez navios tipo Suezmax.

Com a conclusão dessa etapa da licitação, a Transpetro pretende assinar até o fim do mês os contratos com os quatro grupos, aos quais foram encomendados 26 petroleiros. A encomenda, que tem valor total de US$2,48 bilhões, vai gerar cerca de 22 mil empregos diretos e indiretos no país. O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, afirmou ontem que ao todo a companhia está pagando apenas 1% mais pelos navios em relação aos preços no mercado internacional.

A estatal teve que negociar com cada estaleiro uma redução de preços, que estavam bem acima dos cobrados no mercado internacional. A Transpetro conseguiu uma economia total de US$382 milhões nos 26 navios.

Segundo Machado, ainda este ano a estatal pretende iniciar a licitação para outros 16 navios, completando uma encomenda de 42 petroleiros.

Secretário diz que estaleiro do Rio tinha preço menor

O Consórcio Atlântico Sul fará os dez navios numa região perto do porto de Suape, em Pernambuco. O secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio, Wagner Victer, fez duras críticas à escolha do Atlântico Sul para a construção dos dez navios, que são os de maiores porte e valor.

Segundo o secretário, há quatro anos o estaleiro Eisa, na Ilha do Governador, tinha cotado o preço desses navios do tipo Suezmax a US$75 milhões cada um, enquanto o consórcio vencedor vai construir os petroleiros por um preço médio de quase US$121 milhões.

¿ É um absurdo pagar o dobro do preço que tinha sido dado pelo Eisa aqui no Rio ¿ reclamou Victer.

O presidente da Transpetro rebateu as críticas afirmando que, além de os navios encomendados agora serem de maior porte do que os anteriormente cogitados, os custos aumentaram nesses últimos anos tanto no país quanto no exterior:

¿ Se alguém conseguir parar o mundo, voltar aos custos da época... Estamos trabalhando em um mundo real.

No mês passado, a Transpetro já havia anunciado os consórcios vencedores para a construção dos primeiros 16 navios petroleiros, no valor total de US$1,21 bilhão. O Consórcio Rio Naval (MPE, Iesa, Sermetal e Hyundai) vai construir cinco navios do tipo Aframax e outros quatro do tipo Panamax. O estaleiro Mauá Jurong, em Niterói, fará quatro navios para transporte de produtos. Já o Estaleiro Itajaí, em Santa Catarina, vai fabricar outros três navios para transporte de GLP, o gás de botijão.

¿ Hoje é um dia muito importante porque é a conclusão da longa etapa de licitação desses 26 navios, que vão ser importantes para a Petrobras e, principalmente, para o país ¿ disse Machado.

Petrobras quer capacitar indústria naval do país

A Petrobras usa 120 navios, dos quais apenas 47 são próprios. A companhia gasta com fretamento cerca de US$1,2 bilhão por ano. Segundo Machado, o objetivo é fazer com que 100% das operações de cabotagem e 50% das operações de longo curso sejam feitos com navios próprios.

Outro objetivo é capacitar a indústria naval brasileira para competir no mercado mundial, que movimenta anualmente cerca de US$75 bilhões.