Título: MENINO DE 2 ANOS É QUEIMADO EM ATAQUE A ÔNIBUS
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 14/07/2006, O País, p. 11

Seis pessoas ficaram feridas, com queimaduras, por causa dos atentados dos criminosos contra coletivos

SÃO PAULO. Um menino de 2 anos e nove meses identificado apenas como Henrique, sofreu queimaduras de segundo grau, num dos cinco ônibus incendiados em São Vicente, no litoral paulista, na noite de anteontem e madrugada de ontem. A mãe, que levava a criança no colo, não conseguiu sair a tempo do ônibus, por volta de 21h de quarta-feira, depois que um rapaz entrou, deu ordem para todos os passageiros desembarcarem e, em seguida, jogou um coquetel molotov pela janela e ateou fogo no veículo.

O ataque aconteceu na altura da Avenida Penedo, no bairro Jardim Nosso Lar. A mãe da criança também ficou ferida, mas sem gravidade. Mãe e filho voltavam para casa, depois de terem ido ao cinema.

Além deles, duas outras pessoas ficaram feridas no ataque: a cobradora do ônibus, de 34 anos, e outra passageira. Elas sofreram queimaduras ao saírem do ônibus em chamas. As vítimas foram hospitalizadas. A criança sofreu queimaduras no rosto, nas mãos e nos braços, mas não corre risco de morrer. Ele está internado na unidade de terapia intensiva (UTI) de queimados da Santa Casa de Misericórdia de Santos. Os criminosos, que fugiram após o incêndio, não tinham sido presos até o início da noite de ontem.

Na capital, duas mulheres feridas

Em São Paulo, no tradicional bairro boêmio da Vila Madalena, três homens entraram como passageiros num ônibus da empresa Urubupungá, que faz a linha Vila Munhoz-Vila Madalena, por volta das 23h de anteontem. Na esquina das ruas Aspicuelta e Fidalga, os três bandidos jogaram um líquido inflamável no piso do ônibus e atearam fogo. De acordo com a Polícia Civil, duas mulheres, de 39 e 27 anos, sofreram queimaduras leves.

O atentado provocou pânico na região. Na esquina onde estão alguns dos bares mais freqüentados por intelectuais, artistas, jornalistas e gente da classe média paulistana, muita gente saiu correndo, desesperada com o que acontecia ao ônibus. Alguns freqüentadores de bares nas proximidades saíram chamuscados. O ataque levou vários estabelecimentos a fecharem as portas mais cedo. Por volta de 1h de ontem, a Vila Madalena estava praticamente vazia e os bares fechados.

Em São Vicente, a polícia registrou um total de sete incêndios criminosos: cinco contra ônibus e os demais contra fachadas de supermercados. A Viação Piracicabana, uma das maiores da região da Baixada Santista, informou, ontem à tarde, que 22 ônibus da empresa foram alvos de ataques na região. Desses, 17 ficaram totalmente destruídos pelo fogo ¿ 11 do sistema intermunicipal, cinco de Santos e um de Praia Grande. Nos outros cinco, os motoristas conseguiram conter as chamas, diminuindo os danos.

Um motorista foi atingido pelo fogo durante um dos incêndios em Cubatão. Ele continua internado no Hospital Ana Costa, em Santos, e passa bem. De acordo com a empresa, a frota de ônibus continuou operando ontem, para garantir o transporte da população. Alguns atrasos, porém, foram registrados por causa dos transtornos, segundo os passageiros. Em maio deste ano, na primeira onda de ataques, dez ônibus da Viação Piracicabana foram destruídos durante incêndios.