Título: MINISTRO DA JUSTIÇA CONDENA EXPLORAÇÃO POLÍTICA
Autor: Luiza Damé
Fonte: O Globo, 14/07/2006, O País, p. 12

Thomaz Bastos discutirá hoje com o governador paulista transferência de presos e medidas de segurança

BRASÍLIA.O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, vai insistir, em reunião que será realizada hoje, para que o governador de São Paulo, Claudio Lembo, aceite o envio de soldados das Forças Armadas e da Força de Segurança à capital paulista. O ministro segue determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ajudou a marcar o encontro.

Na reunião, serão discutidas transferências de presos para presídios federais, especialmente o de Catanduvas (PR), já inaugurado; medidas na área de inteligência; e controle de rodovias.

Após reunião de emergência, ontem, com a cúpula das Forças Armadas, Abin, Polícia Federal e gabinete de Segurança Institucional, o ministro condenou o uso político dos ataques de bandidos a policiais e civis em São Paulo. Mas não anunciou medidas concretas a serem colocadas em prática, além da possibilidade de oferta de vagas em outras penitenciárias de fora do estado, para minimizar o problema da superlotação.

Numa tentativa de aliviar o clima de enfrentamento de setores do governo e da oposição, Thomaz Bastos afirmou que a segurança pública é uma questão séria e não pode ser objeto de ¿disputa política nem de guerra eleitoral¿.

¿ Está morrendo gente, tem gente sofrendo, tem gente vivendo a angústia de não saber o que vai acontecer no dia de amanhã. Isso tem que ser tratado com muita seriedade. Querer fazer disso uma moeda de troca eleitoral ou ponto de apoio para vantagem eleitoral é absolutamente descabido ¿ afirmou.

Ele disse que a temperatura eleitoral está muito alta, mas as autoridades da área de segurança têm a responsabilidade de despolitizar a questão.

Thomaz Bastos foi convocado por Lula na noite de quarta-feira para a reunião no Palácio da Alvorada, antes que o presidente seguisse para o Rio. No encontro, o presidente criticou o uso político da onda de violência em São Paulo.

Bastos nega intervenção

Depois de se reunir ontem com a cúpula dos órgãos de segurança federais e das Forças Armadas para analisar o quadro de violência em São Paulo, Thomaz Bastos fez questão de dizer que o governo federal quer ajudar e não entrar em confronto com o governo do estado. O governador tem afirmado que a oferta de tropas federais não é oportuna, pois o efetivo policial de São Paulo é o maior e mais bem preparado do país.

¿ Quando oferecemos todos os nossos meios, a intenção é fazer um trabalho de cooperação. Quando oferecemos a Força Nacional e as Forças Armadas não é para substituir 130 mil homens da Polícia Militar e Polícia Civil de SP. É simplesmente para ajudar, para cooperar ¿ disse o ministro, reafirmando que o governo federal não vai intervir em São Paulo.

Segundo Thomaz Bastos, o governo federal não pretende que a Força Nacional seja a solução para a crise de segurança em São Paulo. O ministro afirmou que o trabalho da Força Nacional é eficiente, os policiais ¿ militares e civis e do corpo de bombeiros dos estados ¿ são bem treinados na Academia da Polícia Federal e capazes de fazer as mais diversas ações. E citou a atuação da Força Nacional no Espírito Santo e no Mato Grosso do Sul, onde foram feitos varreduras nos presídios para recolhimento de celulares e armas e identificação de presos.