Título: ALCKMIN: `TEM MUITA COISA ESTRANHA POR TRÁS¿
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 14/07/2006, O País, p. 13

Tucano pede investigação e, sobre a crise na segurança, diz: `Ninguém se iluda. Isso não vai se resolver rapidamente¿

BRASÍLIA. O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, disse ontem considerar muito estranha a nova onda de ataques de quadrilhas de São Paulo e cobrou uma investigação das forças policiais sobre quem poderia estar por atrás desses atos de violência. Mas, diferentemente do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), o candidato tucano evitou fazer qualquer vinculação direta dessas ações com o PT. Já o candidato a vice na sua chapa, o senador José Jorge (PFL-PE), na mesma linha de Bornhausen, salientou a coincidência dos ataques com as pesquisas que registram a melhora do desempenho do tucano.

¿ Tem muita coisa estranha por trás de tudo isso. Mas eu não vou fazer qualquer observação política. Acho que cabe aos órgãos policiais a investigação profunda dos fatos e de suas origens. É estranha a forma como as coisas ocorrem, a época e a maneira como os atos foram desencadeados. Mas não vou politizar esse debate ¿ afirmou Alckmin, logo depois de desembarcar em Brasília para reunião com o comando da campanha.

¿ Há uma coincidência: quando as pesquisas estão a favor de Alckmin, os ataques recomeçam. O crime trabalha de acordo com as pesquisas ¿ afirmou José Jorge.

PT reage a Bornhausen

Petistas reagiram à fala de Bornhausen. O presidente do PT, Ricardo Berzoini, disse, em nota: ¿Lamento que um senador aja de forma tão irresponsável e golpista, usando do oportunismo em um assunto de tamanha gravidade como a crise e a violência. De forma leviana, tenta relacionar a imagem de um partido (...) com a de uma organização criminosa que preocupa toda a população do estado¿. O diretório estadual do PT anunciou que entrará com notícia-crime contra Bornhausen e o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, que ontem disse estranhar os ataques em período eleitoral.

A chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, criticou as afirmações de Bornhausen e de Serra:

¿ É absolutamente infundado e estarrecedor que, no momento em que se mostra uma falência da segurança pública em um estado, a responsabilidade seja atribuída a um partido.

Alckmin disse que há outras formas de o governo federal ajudar São Paulo, além de oferecer 200 homens da Força Nacional. Segundo ele, a melhor ajuda seria liberar recursos do Fundo Nacional de Segurança e do Fundo Penitenciário. Alckmin afirmou que o governo de São Paulo aguarda desde o dia 2 de janeiro a assinatura de um convênio com a União para viabilizar a liberação desses recursos.

¿Força Nacional não resolve¿

Segundo ele, o presidente Lula erra ao comparar a ajuda oferecida ao governador Cláudio Lembo e a aceita pelos seus colegas do Espírito Santo e de Mato Grosso do Sul:

¿ Não dá para comparar situações diferentes. Ele (Lula) está iludindo a boa fé das pessoas. Trazer 200 policiais de fora de São Paulo, que tem 130 mil homens trabalhando nas ruas, não vai resolver o problema.

Alckmin, que se reuniu ontem com Lembo para se solidarizar com ele e as vítimas dos ataques, reconheceu que não é fácil solucionar a crise:

¿ Ninguém se iluda. Isso não vai se resolver rapidamente.

COLABOROU Isabel Braga