Título: SANGUESSUGA: JUSTIÇA TERIA PROVA CONTRA MALTA
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 14/07/2006, O País, p. 14

Luiz Antônio Vedoin entregou à Justiça documento de carro que diz ter dado ao senador como pagamento por emenda

CUIABÁ. No depoimento de nove dias que prestou à Justiça Federal, Luiz Antônio Trevisan Vedoin, apontado como um dos chefes da máfia dos sanguessugas, citou mais de 60 parlamentares e entregou documentos para comprovar cada uma das acusações. Entre esses papéis está a cópia de um DTU (Documento Único de Trânsito) do carro que ele diz ter dado ao senador Magno Malta (PL-ES) como pagamento antecipado de uma emenda ao Orçamento da União direcionada a uma das empresas da organização acusada de vender ambulâncias e equipamentos hospitalares superfaturados.

Trevisan Vedoin mencionou o nome de Malta ao falar sobre parlamentares com quem ele ou outros integrantes do comando da organização teriam negociado a apresentação de emendas destinadas à compra de ambulâncias, equipamentos hospitalares e ônibus escolares. Diante de uma expressão de dúvida do juiz Jeferson Schneider, da 2ª Vara da Justiça Federal do Mato Grosso, Vedoin apresentou a cópia de um DUT do carro que teria dado ao senador. O carro teria sido levado para o Espírito Santo, base eleitoral de Malta.

Senador nega acusações e pede cópia do documento

O empresário reclamou que o senador recebeu o carro mas até agora não cumpriu o trato:

¿ Ele vendeu a emenda por um carro, mas depois não colocou a emenda da ambulância.

Estes e outros documentos apresentados por Vedoin como prova da compra de emendas serão submetidos a perícia técnica. Cópia integral de seu depoimento, de 130 páginas, o mais longo já registrado na Justiça brasileira, está desde quarta-feira nas mãos do procurador-geral, Antônio Fernando de Souza. A partir de agora, caberá a ele decidir se os indícios são suficientes para oferecer denúncia ou se será necessário pedir ainda ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito para aprofundar as investigações.

Procurado, Malta negou as acusações. Alega que não conhece as empresas da família Vedoin e que nunca teve contato com integrantes da organização. Na quarta-feira, ao ser informado sobre os detalhes do depoimento de Vedoin, o senador pediu para que um de seus advogados tente obter na Justiça Federal cópia do documento.

¿ Que carro é esse ? Onde está esse carro ? Não tem carro nenhum. Isso não é verdade. Eu nunca falei com essa gente ¿ disse Malta por telefone, na noite de quarta-feira.

Depois de liberar Vedoin, o juiz determinou o relaxamento da prisão de seu pai, Darci José Vedoin, apontado como o chefe da organização. Dos 48 presos pela PF no início da Operação Sanguessuga, em maio, só o empresário Ronildo Medeiros, sócio de Vedoin, está detido.

* Enviado especial

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