Título: EUA APÓIAM ATAQUES E VETAM RESOLUÇÃO NA ONU
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Fonte: O Globo, 14/07/2006, O Mundo, p. 37

União Européia, França, Rússia e países árabes condenam as ações de Israel, consideradas desproporcionais

HEILIGENDAMM, Alemanha. Enquanto os Estados Unidos manifestaram apoio aos ataques de Israel ao Líbano, a União Européia, França e Rússia condenaram ontem as ações militares, consideradas desproporcionais. Em visita oficial à Alemanha, o presidente do EUA, George W. Bush, considerou justificada a ofensiva israelense, mas advertiu que os ataques não devem enfraquecer o governo de Beirute.

¿ Israel tem o direito de se defender diante do seqüestro de seus soldados, mas deve ter cuidado para que as ações não enfraqueçam o governo libanês ¿ disse Bush, numa declaração que obteve o apoio da chanceler da Alemanha, Angela Merkel.

Os Estados Unidos também vetaram no Conselho de Segurança da ONU uma resolução proposta pelo Qatar exigindo o fim dos ataques, alegando que ela era ¿defasada e pouco consistente em relação aos acontecimentos¿.

UE, França e Rússia condenam a ofensiva

A União Européia (UE), no entanto, mostrou sua preocupação com os ataques, declarando que Israel está ¿fazendo uso desproporcional de força contra o Líbano¿ e que o bloqueio aéreo e naval ao território libanês é ¿desnecessário¿.

O ministro das Relações Exteriores da França, Philippe Douste-Blazy, num tom mais duro que a UE, declarou ontem que os ataques são um ¿desproporcional ato de guerra¿ e demonstrou preocupação com a escalada da violência e o surgimento de um conflito regional. Douste-Blazy também condenou o seqüestro dos soldados israelenses e o ataque com mísseis no norte de Israel, qualificando-os de ¿atos irresponsáveis¿.

¿ A única solução é que ambos os lados cessem as agressões imediatamente ¿ disse o chanceler.

Uma das reações contrárias mais fortes foi a do governo russo.

¿ Não se pode compreender ou justificar o prosseguimento da destruição por parte de Israel das infra-estruturas do Líbano e do território palestino ¿ disse o porta-voz da diplomacia russa, Mikhail Kamynin.

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, declarou em um comunicado que ¿os lados envolvidos precisam interromper a onda de violência e voltar à mesa de negociações¿.

Entre os países muçulmanos, as reações mais fortes foram do Qatar, Argélia e Marrocos, que pediram uma nova reunião do Conselho de Segurança ainda hoje.

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, declarou estar ¿profundamente preocupado com o aumento da violência¿ e disse que enviará hoje uma delegação de alto nível para a região, com o objetivo de tentar reiniciar as negociações entre os lados envolvidos.

O G8 (grupo dos países mais ricos e a Rússia) também anunciou que a crise na região foi incluída na pauta de discussões do encontro que acontece no fim de semana, na Rússia.

Hoje, os líderes do Egito e da Jordânia, dois países árabes que têm relações diplomáticas com Israel, farão uma reunião de emergência no Cairo para avaliar a crise.

O Itamaraty condenou e também qualificou de desproporcionais os ataques de Israel.

¿O Brasil condena o ataque perpetrado pelas forças de Israel, que constituiu reação desproporcional e levou à perda de vidas inocentes entre a população civil. O Brasil reitera sua oposição a atos de represália que apenas contribuem para deteriorar a delicada situação na região¿, disse a chancelaria em nota.