Título: PRODUÇÃO CRESCE, MAS INDÚSTRIA CONTRATA POUCO
Autor: Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 15/07/2006, Economia, p. 31

Abertura de vagas nas fábricas não acompanhou a atividade e aumentou só 0,2% em maio. No ano, queda é de 0,6%

O emprego na indústria avançou alguns milímetros em maio. A alta de 0,2% na abertura de vagas frente a abril ficou longe do desempenho da produção, que subiu 1,6% no mesmo período, de acordo com a Pesquisa Industrial de Emprego e Salário, divulgada ontem pelo IBGE. Na comparação com maio de 2005, houve corte de vagas: -0,4%. No ano, o saldo é negativo. O número de trabalhadores na indústria caiu 0,6% e, nos últimos 12 meses, a queda chegou a 0,2%. O salário ensaiou uma recuperação: subiu 0,7% contra abril, após dois meses de queda:

¿ Esse aumento pode refletir a alta da produção. O efeito foi pequeno porque os setores que contrataram mais em maio absorverem menos mão-de-obra ¿ explicou André Macedo, economista da Coordenação de Indústria do IBGE.

Em maio, a produção industrial alcançou o maior patamar de unidades produzidas, ultrapassando o recorde de dezembro do ano passado.

Setores de calçados e de máquinas demitiram

Contrataram mais no mês as indústrias de alimentos e bebidas (8,6%), principalmente as voltadas para exportações, como a soja por exemplo, e de máquinas, aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (6,8%). Demitiram os segmentos de calçados e artigos de couro (-11,4%) e máquinas e equipamentos (-6,5%).

O técnico do instituto considerou bom o resultado, por ser o segundo mês seguido de alta no emprego industrial. Em abril, a expansão foi de 0,5%. Segundo ele, a atividade no setor começou a se aquecer com mais força somente em maio, portanto, ainda há poucos reflexos nas contratações.

Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), mesmo depois do aumento do emprego por dois meses, não há uma reação em andamento. No seu relatório, o Iedi não vê boas perspectivas adiante.

¿Ainda não é seguro afirmar que há um processo em curso de reativação do emprego na indústria, a despeito do fato de que os números da produção do setor já indiquem melhora conjuntural indubitável. Tampouco variou o número de horas pagas, numa sinalização de que não há indicio, ao menos por enquanto, de que haverá melhora na situação do emprego do setor nos próximos meses¿, diz o Iedi . As horas pagas praticamente não se mexeram em maio. Subiram só 0,1%.

No salário, o saldo anual ainda é positivo. A folha de pagamento real, descontada a inflação do período, aumentou 0,3% no ano, e 1,7% nos últimos 12 meses, nas comparações com o mesmo período do ano anterior. Considerando o salário de dezembro, a alta é mais expressiva: 5,7% no ano.

No Rio de Janeiro, houve corte de 0,4% nas vagas no mês contra maio do ano passado. De janeiro a maio, o corte já chegou a 1,1% das vagas.