Título: BRASIL E ESTADOS UNIDOS JUNTOS NA REFORMA DO FMI
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 15/07/2006, Economia, p. 31

Estratégia visa a dar mais peso para voto de países emergentes nas decisões do Fundo

WASHINGTON. Os governos de Brasil e Estados Unidos acertaram ontem uma estratégia conjunta para realizar o que definiram como ¿uma necessária reforma fundamental¿ da estrutura do Fundo Monetário Internacional (FMI), a fim de refletir melhor o peso econômico de seus 184 países membros no mercado global. O objetivo é dar mais voz, por meio de um maior poder de voto, a países, como o Brasil, cuja economia cresceu mas continuam tendo influência menor nas decisões do FMI do que outros, como a Bélgica e a Suíça ¿ apesar de seu Produto Interno Bruto (PIB) ser maior que o deles.

Essa estratégia foi firmada ontem no Departamento do Tesouro, durante a quinta reunião do Grupo para o Crescimento, lançado em junho de 2003 pelos presidentes George W. Bush e Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o acertado, a reforma do FMI teria duas etapas. A primeira seria já em setembro, na reunião anual do Fundo, em Cingapura, mas tanto EUA como Brasil começariam a agir. Nessa ocasião seria estabelecido um aumento limitado da cota de participação ¿para um pequeno número de países inequivocamente sub-representados¿ na entidade, segundo o comunicado do subsecretário do Tesouro para Assuntos Internacionais, Timothy Adams, e do secretário para Assuntos Internacionais da Fazenda, Luiz Pereira da Silva.

Em 2008 haveria reformas mais amplas, como a revisão da fórmula para estipular as cotas dos países, de forma que o PIB seja a variável predominante. Desse forma, haveria um grupo maior de países emergentes com uma cota mais alta e um aumento no volume de votos básicos ¿ portanto, com maior poder de influência.

Os dois países também discutiram a reforma do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a redução da pobreza e da desigualdade no hemisfério. Ambos concordaram que é preciso dar aos pobres ¿acesso ao capital, à educação, melhoria da infra-estrutura e participação nos mercados¿.