Título: CHIRAC CONDENA O ATAQUE FEITO POR ISRAELENSES
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Fonte: O Globo, 15/07/2006, O Mundo, p. 37

Questão pode isolar Bush na reunião do G-8, na Rússia

PARIS e SÃO PETERSBURGO. Ao se referir ontem à crise entre Israel e o Líbano, o presidente da França, Jacques Chirac, disse que o mundo se encontra diante de uma situação perigosa, que precisa ser tratada ¿com experiência e cuidado¿ porque pode levar ¿à beira do abismo¿. Chirac criticou Israel pelo uso excessivo da força e pela morte de civis, num assunto que pode dividir os membros do G-8, que se reúnem a partir de hoje, na Rússia.

¿ Alguém bem poderia se perguntar se não há algum tipo de desejo de destruir o Líbano. Acho que as reações foram completamente desproporcionais ¿ disse Chirac, que paralelamente descreveu os ataques do Hezbollah contra território israelense como ¿irresponsáveis¿.

A crise é um dos assuntos a serem discutidos pelo G-8 (Rússia, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido, EUA e Canadá), cujos líderes chegavam ontem a São Petersburgo. Embora o presidente dos EUA, George W. Bush, pedisse uma resposta conjunta sobre o tema, ele corre o risco de se tornar uma voz dissonante.

Enquanto Itália, Alemanha, França e Rússia condenavam a resposta israelense e a morte de civis ¿ criticando também o Hezbollah ¿, a Casa Branca anunciou que o presidente americano não pressionará Israel por um cessar-fogo, embora o premier libanês, Fouad Siniora, tenha lhe pedido isso por telefone. Bush, no entanto, pedirá que Israel evite atingir civis.

¿ O presidente não vai tomar decisões militares por Israel. Ele acredita que Israel tem o direito de se defender e ao fazer isso deveria limitar o quanto possível os danos colaterais, não só à infra-estruturas mas a vidas humanas ¿ disse o porta-voz Tony Snow.

Já o premier britânico, Tony Blair, disse entender tanto o direito de defesa israelense, quanto o apelo do governo libanês e o sofrimento dos palestinos.

Irã diz que Israel não ousaria atacar Teerã

Durante reunião de emergência do Conselho de Segurança ontem, o Líbano pediu que a ONU pressione por um cessar-fogo. A organização enviou missão à região, e não deverá tomar nenhuma decisão por enquanto. A missão inicia hoje reuniões no Egito, num encontro com a Liga Árabe, seguindo depois para Israel, Líbano e Síria.

A UE, que também enviou representante à região, teme a escalada da violência.

¿ Há a possibilidade de a situação piorar e de o conflito se espalhar, especialmente para a Síria ¿ advertiu o ministro do Exterior da Finlândia, Erkki Tuomioja, que ocupa a Presidência rotativa da UE.

Já o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, declarou ontem que Israel não se atreveria a atacar seu país. Ele advertiu ainda contra um ataque à Síria, dizendo que o mundo islâmico responderia ferozmente.