Título: Sanguessugas: CPI quer divulgar lista de suspeitos
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 17/07/2006, O País, p. 4

BRASÍLIA. A CPI dos Sanguessugas quer tornar pública esta semana a lista dos 57 parlamentares suspeitos de envolvimento com a máfia. Estão na lista deputados e senadores que foram alvo de pedidos de abertura de inquéritos feitos pela Procuradoria Geral da República. Hoje eles começam a ser notificados pela CPI e têm cinco dias para apresentar suas defesas. Tecnicamente, passam a ser investigados também pela comissão.

¿ quero dizer à nação brasileira que a CPI está investigando tais pessoas. Se está investigando, não há por quê manter nomes em sigilo ¿ disse o presidente da CPI, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ).

Biscaia é o único integrante da CPI a saber oficialmente os nomes dos suspeitos. Semana passada, ele recebeu da Procuradoria um envelope lacrado com a lista dos pedidos de investigação. Antes de torná-la pública, porém, Biscaia quer consultar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que decretou o sigilo sobre os inquéritos já abertos contra 15 parlamentares.

¿ Se ele for contrário, vou refletir sobre o assunto. Mas a minha intenção é divulgar os nomes ¿ disse Biscaia, que, no entanto, pretende manter em sigilo os detalhes da investigações. Nas escutas telefônicas que comprometem os parlamentares envolvidos, alguns são tratados até por apelidos pelos integrantes da quadrilha. A partir de emendas de deputados e senadores, a máfia comprava ambulâncias e outros equipamentos por valores superfaturados.

Jungmann: ¿Defesas serão a base do relatório final¿

A CPI deverá criar uma sub-relatoria só para analisar as defesas dos investigados. Os argumentos serão incluídos no relatório final da comissão, que deverá ficar pronto na primeira semana de agosto. Para o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), eles serão fundamentais para a decisão da CPI de enviar ou não representações contra os deputados aos conselhos de ética da Câmara e do Senado:

¿ As defesas serão a base para o relatório final. Se fossemos ouvir 60 parlamentares, a CPI levaria dois anos.

Esta semana, a CPI irá se debruçar sobre as mais de 150 páginas de depoimento do empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, acusado de ser um dos chefes da máfia dos sanguessugas. Além de contar detalhes da participação dos parlamentares, ele apresentou comprovantes de depósito em dinheiro nas contas de suspeitos. O nível de detalhamento de seu depoimento pode aumentar a lista de parlamentares suspeitos para até 90 nomes.