Título: G-8 fixa prazo de um mês para avanços na OMC
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 17/07/2006, Economia, p. 17

SÃO PETERSBURGO (Rússia). Os líderes do destaque1'>G-8 (grupo dos sete países mais ricos do mundo mais a Rússia) destaque2'>fixaram ontem o destaque3'>prazo de um mês para que seus representantes ponham fim ao impasse nas negociações do acordo de livre comércio global, informou o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso. A decisão foi tomada para impedir o fracasso da Rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), que está emperrada, principalmente, em razão de divergências entre países ricos e emergentes no setor agrícola.

¿ demos um mandato a nossos respectivos negociadores para chegar a um consenso sobre as modalidades do acordo em um mês, ou seja, meados de agosto ¿ disse Barroso, que participa das reuniões do destaque1'>G-8 porque a Comissão Européia negocia pelo bloco na OMC.

O governo brasileiro considerou a decisão um ¿passo importante¿ para destravar as negociações na OMC. A delegação brasileira, contudo, foi surpreendida com a inclusão do destaque3'>prazo no documento do destaque1'>G-8.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a destaque2'>fixação de um destaque3'>prazo mostra que os líderes dos países estão dispostos a chegar a um acordo. Para ele, é importante que isso fique claro no encontro de hoje entre o destaque1'>G-8 e os seis países em desenvolvimento, entre os quais o Brasil, convidados para a reunião de cúpula. O presidente afirmou que não teme contrariar interesses de setores empresariais brasileiros para apresentar uma proposta que facilite um acordo.

¿ Se a cúpula do destaque1'>G-8 entende que era preciso dar 30 dias para se chegar a um acordo, isso significa que estão querendo fazer um acordo. Esse é um passo importante, porque havia quem dissesse até ontem que não teria flexibilização. Se o problema é mais 30 dias, não tem problema. O que quero é chegar a um acordo e o Brasil fará a sua parte ¿ disse Lula.

Sem avanço rápido, Rodada pode ficar suspensa por anos

O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse que a decisão do destaque1'>G-8 ¿dá sentido de urgência e sensação de realismo à questão¿:

¿ É bom sinal de que há disposição. Negativo seria ter um adiamento por seis meses.

Diplomatas brasileiros informaram que as primeiras versões sobre o documento do destaque1'>G-8 não incluíam o destaque3'>prazo. Isso significa que os chefes de Estado se anteciparam às cobranças que serão feitas na reunião com os países em desenvolvimento. Segundo especialistas, se não houver avanço nas próximas semanas, corre-se o risco de a Rodada de Doha ficar suspensa por anos, já que os poderes do presidente dos EUA, George W. Bush, para aprovar acordos comerciais sem votação no Congresso expira em 2007.

Na declaração de ontem, os oito países pedem que o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, apresente o mais rapidamente possível um relatório da situação ¿para que se conclua em um mês um pré-acordo sobre agricultura e tarifas industriais¿. A Rússia está fora do destaque3'>prazo porque não integra a OMC.

Lula se declarou ¿otimista¿ sobre um real acordo e disse que pode haver avanços hoje:

¿ Há um documento do destaque1'>G-8 e um documento nosso. Amanhã (hoje), vamos confrontar os dois documentos e é possível que saia uma coisa diferente ¿ disse Lula, que ontem participou de encontro preparatório com os líderes de Índia, África do Sul, China, México e Congo.

Os países em desenvolvimento querem que seus produtos agrícolas tenham acesso aos mercados do Norte. Já as nações industrializadas exigem a liberação nas áreas de bens industriais e serviços.

(*) Com agências internacionais