Título: Reunindo a tropa
Autor: Tereza Cruvinel
Fonte: O Globo, 10/07/2006, O Globo, p. 2
agora que nem Copa do Mundo há mais, os candidatos a presidente vão percorrer o país tentando agregar votos para a segunda etapa, que começa em agosto, quando levarão o embate para o rádio e a televisão. Já o presidente Lula viajará pouco. Neste mês, segundo o ministro Tarso Genro, ¿continuará tendo uma agenda administrativa forte¿. Lula se reuniu ontem à noite com um grupo de líderes petistas, pedindo que se organizem para suprir sua ausência física.
Surpreendendo os adversários que o acusavam de fazer campanha antecipada, ele fez movimento contrário com a abertura oficial da campanha, na semana passada. Ficou em Brasília, comandando reuniões e atos administrativos. a reunião de ontem, sem divulgação prévia, foi no alvorada, como prevê a lei. além de Tarso, do coordenador de campanha, Ricardo Berzoini, do coordenador do programa de governo, Marco aurélio Garcia, e do ministro Luiz Dulci, lá estiveram petistas que têm liderança regional, como o governador Jorge Viana (aC), o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, e a senadora Ideli Salvatti (SC).
¿ Tendo limitações para se deslocar, por conta da agenda de governo, o presidente está mobilizando seus aliados nos estados, e não apenas os do PT, para que tomem a frente da campanha em sua ausência ¿ diz Tarso.
Esta semana, entretanto, Lula vai a Salvador, para o Encontro da Diáspora Negra, e a São Bernardo, para o jantar de abertura de sua campanha.
Na semana passada, diante do primeiro crescimento significativo do tucano Geraldo alckmin, muitos governistas passaram a admitir a possibilidade do segundo turno ¿ objetivo primeiro de alckmin. Tarso confirma:
¿ Estamos nos preparando para essa possibilidade. Seria uma presunção e um erro não fazer isso, embora as pesquisas continuem apontando vitória do presidente no primeiro turno. Mas a campanha mal começou e, se isso acontecer, não será tragédia nenhuma.
O que explica a maior inibição de Lula agora, depois de ter viajado tanto inaugurando obras e fazendo discursos de conteúdo eleitoral, é o receio de que algum esbarrão na lei propicie aos adversários oportunidades para contestar sua candidatura. Para evitar qualquer tipo de problema, diz Tarso, o presidente toma cautelas que vão além das restrições legais.
Hoje, ele recebe os dirigentes do PMDB, que vão lhe apresentar o manifesto do Movimento Pró-Lula. até ontem, dirigentes do partido de 16 seções estaduais haviam subscrito o manifesto. Tarso nega a relação entre essas adesões e a entrega da direção dos Correios ao partido, na semana passada.