Título: Tucano ataca política externa de Lula
Autor: Adauri Antunes Barbosa e Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 10/07/2006, O País, p. 4

SÃO PAULO. O candidato Tucano à Presidência da República, Geraldo Alckmin, embarcou ontem para a Europa com críticas à política externa do governo Lula. Para ele, o país está isolado no comércio mundial. Hoje, Alckmin se reúne com o presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, e com o primeiro-ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.

¿ O Brasil não pode ficar isolado. Não avança no acordo com os EUA, não avança no acordo com a União Européia. Assisto aos vizinhos latino-americanos fazerem acordos bilaterais com os EUA ¿ analisou.

Amanhã, Alckmin, que foi acompanhado pelo presidente do PPS, deputado Roberto Freire, vai a Bruxelas para se encontrar com o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso.

¿ Não faremos na política exterior nada partidarizado. Faremos o interesse nacional, o interesse da produção brasileira, a defesa do emprego do nosso país. A prioridade é para onde houver possibilidade de mercado ¿ disse.

Cristovam admite dificuldades na disputa

Alckmin comentou pesquisa do Instituto Target, de que cerca de 7 milhões de brasileiros subiram para a classe média no governo Lula:

¿ A mesma pesquisa mostra que houve piora no saneamento básico, na infra-estrutura. E nós pretendemos estimular o crescimento, prestigiar quem trabalha e quem produz.

Perguntado se os números não seriam um trunfo para a campanha de Lula, o Tucano disse que pode fazer mais:

¿ Não é possível se contentar com um crescimento de 2%, 3%. Alguma coisa está errada quando o Brasil cresce menos que a Bolívia, que o Uruguai, Paraguai.

Em entrevista ao programa ¿Canal Livre¿, da TV Bandeirantes, levado ao ar ontem à noite, o candidato do PDT, senador Cristovam Buarque, admitiu que dificilmente chegará ao segundo turno, levando em conta que tem apenas 1% das intenções de voto. Mesmo assim, não quis indicar se apoiaria o presidente Lula ou Alckmin num eventual segundo turno.

¿ Estou nesta campanha para mostrar que é possível mudar. E que a mudança passa pela educação, pela revolução que se pode fazer no Brasil através da educação. Esse meu esforço pode ser entendido como uma grande mobilização nacional pela educação como instrumento fundamental para a mudança do país ¿ disse Cristovam.

Atraso tumultua evento de Heloísa Helena

A desorganização na agenda da senadora Heloisa Helena, candidata do PSOL à Presidência, provocou atraso de duas horas no início de uma caminhada pelo parque do Ibirapuera. A senadora atribuiu os problemas à falta de estrutura financeira:

¿ Ao contrário de outros candidatos, não uso a estrutura do mandato para fazer campanha. Não temos nem assessor de comunicação porque não temos dinheiro para pagar.

Segundo o deputado Ivan Valente, o problema foi a parada militar que celebrava o 9 de julho, dia da Revolução Constitucionalista de 1932, dificultando o acesso.