Título: SERRA AMENIZA DECLARAÇÕES SOBRE VIOLÊNCIA
Autor: Marcel Frota e Sérgio Roxo
Fonte: O Globo, 18/07/2006, O País, p. 10

`Quem começou foram eles¿, diz, referindo-se ao PT

SÃO PAULO. O candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra, amenizou o tom das declarações dadas semana passada quando, em visita a Jales, no Noroeste do estado, disse haver indícios de ligação entre o crime organizado e o PT. Ontem, em campanha na região metropolitana da Capital, Serra disse que não afirmou que havia uma ligação entre o PT e o crime organizado, mas que achava estranho o que estava acontecendo.

¿ A reação do PSDB foi para que eles (o PT) não faturassem eleitoralmente (em cima da crise da segurança). Não se pode fazer disso um jogo eleitoral. Quem começou foram eles ¿ disse Serra após viajar de trem a Francisco Morato e Franco da Rocha, na Grande São Paulo.

Serra disse desconhecer qualquer acordo entre as campanhas petista e tucana a respeito da diminuição das críticas mútuas sobre os ataques do crime organizado para que tanto o PT quanto o PSDB não sejam prejudicados eleitoralmente com o debate. Ele voltou a falar de segurança sob o ponto de vista nacional e afirmou que o governo federal poderia contribuir mais para enfrentar a escalada de violência em São Paulo:

¿ Por exemplo, há 700 presos em São Paulo que são presos federais e deveriam estar em presídio federal. É o estado que está cuidando. A escolta desses presos é toda feita por policiais militares, o que sobrecarrega. Tinha muita coisa para poder avançar. Mas acho que temos de somar forças.

Petista diz que segurança continuará em discussão

Principal adversário de Serra, o petista Aloizio Mercadante disse ontem que a segurança continuará como tema da disputa eleitoral em São Paulo e descartou a possibilidade de um acordo com o PSDB para evitar o assunto:

¿ O acordo que nós precisamos fazer é da sociedade paulista com a paz, pelo fim da violência. É o tema mais urgente para o paulista hoje. O ataques continuam, ônibus são incendiados, residências de agentes penitenciários são atacadas e tivemos fugas de presídios.

O petista participou de almoço com entidades da construção civil na sede do Sindicato da Habitação, na Zona Sul da capital. Ele disse que a situação atual, com ataques constantes feitos pelo crime organizado, só será mudada com um ¿novo governo¿.

¿ Esse governo, depois de 12 anos, não tem o que apresentar de segurança pública. É inacreditável que depois de 12 anos a proposta deles seja acabar com a Secretaria de Administração Penitenciária, por sinal (uma proposta) que não é deles. Quem falou pela primeira vez nisso foi o (candidato do PMDB Orestes) Quércia. Não acho que seja o problema fundamental.

(*) Do Diário de S.Paulo