Título: ENVOLVIDOS REAFIRMAM CANDIDATURAS
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 19/07/2006, O País, p. 8

Parlamentares dizem ter confiança de que Justiça provará sua inocência

e Mirella D¿Elia*

BRASÍLIA. Os parlamentares já indiciados ou investigados pela CPI dos Sanguessugas se defenderam das acusações de envolvimento no esquema de venda superfaturada de ambulâncias e disseram que vão manter suas candidaturas. O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) informou que está tranqüilo e confiante de que vai conseguir provar sua inocência.

O deputado Marcelino Fraga (PMDB-ES) disse que confia na Justiça e que não tem nada a temer. Já o deputado Coriolano Sales (PFL-BA) afirmou que foi citado indevidamente.

¿ Não tenho nada que me comprometa com essa questão. Essas licitações foram efetuadas na gestão de prefeitos que não são ligados a mim, embora os conheça ¿ disse.

O deputado João Caldas (PL-AL) disse ter conversado apenas uma vez com o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, apontado como um dos chefes da máfia dos sanguessugas.

¿ As respostas que tenho que dar, darei a quem de direito. Isso é uma coisa periférica no meu mandato ¿ disse Caldas.

Nélio Dias admite emenda que financiou odontomóvel

O presidente do PP, deputado Nélio Dias (RN), disse que uma de suas emendas financiou a compra de um odontomóvel da Planam para Ipanguaçu. Segundo o deputado, não houve irregularidades.

¿ Já contratei um escritório de advocacia. Vou acusar quem acusa sem provas ¿ acrescentou.

O deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO) negou que tenha recebido propina.

¿ Desde o início meu nome foi citado Apenas uma escuta telefônica que não me compromete ¿ afirmou Gomes, terceiro secretário da Mesa.

O deputado Alceste Almeida (PTB-RR) acredita que os indícios obtidos pela polícia não são suficientes para incriminá-lo. Almeida disse que, se for reeleito, voltará a apresentar emendas para a compra de ambulâncias.

A deputada Tetê Bezerra (PMDB-MT) divulgou nota em que nega envolvimento com as fraudes. ¿O fato de meu nome constar em uma lista não significa qualquer prova de envolvimento em qualquer ato ilícito¿, afirmou. Já o deputado Isaias Silvestre (PSB-MG) disse que vai preparar uma resposta para a denúncia.

O deputado José Militão (PTB-MG) admitiu que conheceu Darci Vedoin, chefe da máfia, em 2004. O empresário teria procurado por Militão para que ele intermediasse uma audiência na Secretaria de Indústria e Comércio de Minas. Segundo o deputado, Vedoin disse que queria transferir sua fábrica para Minas. Militão acrescenta que, na ocasião, Vedoin se ofereceu para arrumar ambulâncias para municípios da base eleitoral dele, alegando ter facilidades no Ministério da Saúde. O deputado disse que está tranqüilo e que vai tomar providências para esclarecer os fatos.

O deputado Mário Negromonte (PP-BA) divulgou nota em que se diz surpreso com a informação de que é investigado por envolvimento com a máfia das ambulâncias. ¿Em nenhuma gravação de escuta feita pela Polícia Federal meu nome aparece em conversa com alguém da Planam sobre dinheiro, depósito bancário ou compra de ambulância. Não existe depósito da Planam em nenhuma de minhas contas¿, afirmou.

Maioria dos envolvidos não foi localizada ontem

A assessoria do deputado Irapuã Teixeira (PP-SP) afirmou que ele está em campanha no interior de São Paulo e não poderia responder. Procurados pelo GLOBO, outros deputados investigados pela CPI não retornaram as ligações ou não foram localizados.

* da CBN, especial para O GLOBO